- @rgpatrickoficial
SENTENCIADOS - Episodio 66
Ás dez horas da manhã, o Doutor voltou! Ele abre a porta graças a Deus com um sorriso no rosto.
O que não sabíamos era se esse sorriso era de ele estar vivo, e com sequelas, ou não;
- Ocorreu tudo bem, agora é esperar ele acordar! Renato está sendo levado para o quarto novamente.
Douglas que pegou meu celular para avisar o Vitor. O médico disse que iria demorar para liberar a gente entrar no quarto, afinal, tinham que fazer uma avaliação, e exames em seguida;
- Gustavo vamos em casa, tomar um banho, e comer algo. Depois voltamos, agora só a noite que poderão entrar, de qualquer forma. – Meu irmão diz se levantando.
- Não vou sair daqui. – Cruzo as pernas.
- Pode ir, eu fico. – Rui fala do meu lado direito. – Se ele acordar digo que estava aqui.
- Obrigado.
O meu irmão me levou em casa, eu tomei um banho, me troquei, e enquanto isso ele comprou algo para comermos.
Eu me sentei na sala comendo, enquanto ele tomava um banho.
Douglas me passou a perna, ele ficou comigo no sofá, e eu dormi novamente, sério estava muito cansado.
Voltamos para o hospital por volta de duas da tarde. No grupo da corporação haviam marcado o velório de Artur Resende, o Major.
Mesmo sem saber se irei ir, eu confirmo presença. Quando chego no hospital o Rui estava entrando no carro para ir embora.
- Não vai ficar? – Pergunto me aproximando.
- Tenho que ir. Eles me deixaram ver ele, não estava falando coisa com coisa, pois está com efeito dos remédios.
- Eu falo que esteve aqui. – Digo na janela do carro.
- Vamos? – Katia liga o carro.
- O que ele mais chamou lá dentro foi por você. – Rui fala com sua mãe saindo no carro.
Eu volto rápido, e entramos, subindo naquele elevador.
Quando as portas se abrem, a Flavia estava chorando no corredor;
- Que houve? – Aproximo.
- Ele quer ver você.
Eu parei, porque o choro veio sozinho, as lagrimas e a alegria de não estar acreditando.
A recepção me entregou outra credencial. E eu fui para o quarto onde estava o Renato.
Sem aparelhos na boca, somente com acompanhamento cardíaco, era os que estavam visíveis.
Ele estava dormindo, e havia uma enfermeira junto no quarto. Eu peguei em sua mão, sentei novamente ao seu lado.
Ela estava pegando umas coisas saindo, e Renato aperta minha mão, com dificuldade, mas sinto seu toque.
Quando olho ele estava com lagrimas descendo dos olhos, e percorrendo o seu rosto.
Arregalei os olhos, abraçando ele como podia, e pude sentir sua mão em minhas costas.
Renato assim como eu não conseguia falar nada, somente chorar.
Quando eu volto, olhando ele, percebo que a moça não estava mais conosco.
Passando a mão em seu cabelo, e limpando suas lagrimas, e beijo aquela boca maravilhosa.
- Fiquei com tanto. Mas tanto medo de te perder. – Falo segurando seu rosto. – Tanto medo... de você morrer e eu não ter falado que te amo.
- Você ama? – Ele me fazendo carinho no rosto.
- Eu te amo Renato, mas que tudo nessa vida.
- Então.... Então casa comigo?
Fico serio nesse momento, afasto. E lentamente acerto um tapa no seu rosto;
- Ainda está sob efeito dos remédios?
Ele pisca e olha bravo;
- NÃO! Estou falando sério. Estou pedindo você em casamento Gustavo.
- Sim! Sim, Renato.... – Subo em cima dele de tanta alegria.
- Senhor... Senhor, não pode fazer isso... – Diz o médico me puxando de cima da cama.
Eu e Renato rindo, os dois sem graça, ele fala umas coisas e sai do quarto.
Eu me sentei, ao lado dele, e Renato tira uma pequena caixa de algum lugar, e me entrega;
- Me ajuda? – Ele diz tentando abrir.
Era a caixa de um anel;
- Como? De onde tirou isso? – Abro a caixa.
Duas alianças de ouro, em um formato mais grosso e arredondado por dentro, se tornando bem mais ergonômico. Nas extremidades ao lado de fora, pouco mais quadradas e minimalistas, com um brilho incomum;
- A Flavia que me ajudou.
- Ah, porque se fez isso tudo para me pedir em casamento, mato você de vez.
- Não conseguiria viver sem mim, não mais.
- Serviu?
- Sim, quando tirarem esses aparelhos de você eu coloco para você.
- Tudo bem, guarde para mim.
- Com licença...
Um cara fardado entra no quarto;
- Oficial Gustavo, preciso que se retire, precisamos falar com o Capitão Andrade a sós. – Ele diz me encarando.
Eu me levanto, e mais dois caras com ternos, e maletas entram, a Flavia vem no corredor passando a mão no rosto;
- Quem são? – Pergunto ao lado de fora do quarto.
- Corregedoria do Planalto! – Ela responde entrando no quarto.
O andar bem policiado nesse momento, mais que o normal.
- Capitão, sou o Oficial Lucas, e respondo aqui pela Corregedoria da União. Este é Edson irá gravar nossa conversa, e também está como testemunha. Marcos responde pelo seu sindicato! E sua advogada representando sua defesa.
- Já aguardava por vocês. – Falo me ajeitando a cama.
- Chamem o médico. – Lucas da ordem ao policial na porta.
Lucas de pé aos meus pés, o Edson, ao lado esquerdo com um gravador, e Marcos mais atrás, com Flavia do meu lado direito.
- Com licença senhores.
- O doutor pode descrever o quadro de nosso Capitão, em voz alta e um bom tom, por favor?
- Sim, claro. – Ele descruza os dedos me olhando. – O ferimento sofrido foi ser atingido por um projetil, que dilacerou seu estomago, atingindo a Decima costela, e se alojando próximo a coluna vertebral. Passou por duas cirurgias, de reconstrução da dilaceração e remoção do projetil.
- Obrigado, pode se retirar.
- Capitão, ainda estamos fazendo a investigação do local do acontecido. A perícia ainda tem que entregar algumas provas e exames.
- Lucas vai logo a razão que lhe trouxe aqui, e pare de enrolar. – Falo encarando ele.
Lucas passa a mão no nariz, e se aproxima;
- Foram quatro tiros contra o veículo no qual você se encontrava. E no corpo de Vander foi recolhido 6 projeteis. A perícia está finalizando os exames como lhe disse. O laudo inicial da polícia consegue distinguir que seu primeiro disparo foi fatal, acertando a área do coração. E mesmo assim continuou disparando até descarregar suas balas?
- Corregedor Lucas, você já foi baleado?
- Não Capitão.
- Sabe que a dor que você sente não tem nada a ver com o que mostram nos filmes, você não apaga na hora. A dor é insuportável, queima como fogo, arde como pimenta. A única coisa que eu via era sangue, e mais sangue, o que se passava na minha cabeça era de não ver mais meu filho, nessa situação, me perdoem se não poupei balas.
Eles se encaram, e o Marcos, do sindicato pergunta;
- Poderia descrever o ataque?
Eu respirei fundo, encarando aqueles aparelhos em minhas mãos;
- Vander não queria matar o Major, ele queria pegar o Gustavo, era para estarem velando o Gustavo hoje! Mas sabem o porquê que ele não conseguiu? Por causa do Major Resende, que o suspendeu horas antes. Quando sai da corporação ele estava tentando chamar um carro de aplicativo, e ofereci carona. Sete quarteirões a frente paramos no semáforo e o Major pediu para abrir o vidro do meu carro, que é blindado. Não me lembro o que ele havia dito. Foram segundos, eu olhei para ele e quando volto o olhar ele já estava disparando contra nós. Eu abri a porta derrubando ele no chão, e efetuei os disparos, quando sai do carro para ver ele não conseguia ficar em pé, era muito sangue, eu só apaguei, acho que de tanta dor.
- Querem perguntar algo mais? – Lucas olha para os companheiros.
- Sabe se Vander tinha algo contra o Major? – Edson pergunta.
- Não que eu saiba.
- Tenho uma última pergunta... A corregedoria recebeu um oficio de seu relacionamento com o oficial Gustavo...
- Não tem jurisdição para falar desse assunto Lucas.
- Eu sei senhor, mas onde quero chegar é que, colhemos imagens do seu prédio e de Gustavo, onde o Vander estava em quase todas. Houve um abuso de autoridade de sua parte Capitão, levando ele para corporação sem mandato.
- Eu coloquei ele na cadeira, e encontrei ele de frente a minha casa, queria saber o que estava acontecendo, porque ele estava na rua.
- Você mesmo disse que ele estava atrás de Gustavo, e não conseguiu, por encontrar Major no lugar. Você poderia ter desarmado. Imobilizado e efetuado a prisão de Vander, sem ter executado ele. Sabia disso?
- Posso não responder essa pergunta? – Falo olhando para a Flavia.
- É direito seu.
- Não irei responder Lucas.
- Você concorda comigo?
- Concordo que está fazendo uma investigação a partir de eu ter vivido e não o Major. Vocês estão aqui porque alguém de patente altíssima morreu e eu sobrevivi. Não estariam se eu tivesse salvado a vida dele, se isso fosse possível. Falam como se eu e Vander armamos isso, mas estão errados. Estão esquecendo do fator humano.
- Terminamos por hoje. Capitão Renato Andrade Beltrão, você será intimado em breve, e deverá prestar declarações melhores sobre essa investigação. Vamos.
Eles saíram do quarto, o médico volta, fazendo um exame breve, e saiu.
Gustavo, Douglas e Vitor entram dessa vez, já com Flavia no quarto.
Cumprimento os meninos e agradeço pelo que estavam fazendo;
- (...) Que eles queriam? – Gustavo pergunta.
- Estão investigando o Renato, e até a corporação irá se envolver. – Flavia responde.
- Podem fazer isso?
- Sim, Gustavo.
- Estão bravos porque era para eu ter morrido naquele dia, e não um Major, não aceitam isso.
- Que acontece agora?
- Agora? – Flavia olha para ele. – Renato pode ser exonerado.