- @rgpatrickoficial
SENTENCIADOS - Episodio 40
Matheus vai ao banheiro, e depois se vestir, ele pega suas coisas, e já descemos, pois estava na minha hora.
Bem cheguei na corporação, e segui para a sala onde a Patrícia já estava, deixei minha mochila, bufando de raiva;
- Ih que foi amigo.
- Bom dia.
- Bom dia.
- Amiga... – Falo aproximando dela com a cadeira. – Interroga o Vander para mim?
- Você não estava esperando esse dia?
- Por favor.
- Porque não quer falar com ele?
- Não é ele, é o Renato.
- Quer foi? Não disse que tinha semanas sem falar com ele.
- Ele foi la em casa ontem, e pegou o Matheus lá. – Falo com os cotovelos na sua mesa.
- Mentira, Gustavo.
- Também queria viu amiga.
- E ele?
- Fez um show de ciúmes, e que não se importa. E eu fiz um belo papel de palhaço, pois não me segurei.
- Aí amigo.
- Patrícia se ele falar alguma coisa para mim naquela prisão eu vou mandar ele para aquele lugar.
- Temos a prova de física da COE chegando, mandar o Capitão para aquele lugar não ajuda.
- Tem isso ainda.
- Bom dia Gustavo, Patrícia... Gustavo sua autorização de interrogatório, Patrícia vem comigo, temos uma apreensão da PM na favela e as drogas tem o emblema do escorpião. – Daniel fala me entregando o papel.
Quando ele comenta, ela me olha dizendo;
- Ainda tem drogas do Governador nas ruas? Mas gente. Estou indo Daniel.
Ela se levanta pegando sua arma e distintivo, eu vou tomar um café, e pego minhas coisas, pedindo uma equipe que me acompanhe.
Em quarenta minutos chegamos na COE, depois da identificação na portaria, subimos até o andar dos presos, havia uma mesa onde um oficial ficava atrás de outras grades.
E no fundo mais policiais armados, possivelmente pela segurança para o Vander.
- Bom dia Oficial. – Ele fala me cumprimentando.
- Bom dia, meu caro, tenho autorização para interrogar um preso de vocês. – Falo entregando o papel para ele.
O garoto lê e responde;
- Desculpe, preciso da autorização direta do Capitão para autorizar sua entrada.
- Escuta, você viu quem autorizou esse documento?
- Sim, mas são minhas ordens, e ele está aqui, aguard...
Antes de ele terminar de falar, o Renato aponta no fim do corredor, ele não estava sorrindo, mas quando me viu seu rosto fechou mais ainda.
Vamos lá enfrentar mais esse desafio.
Como ele se aproximou o garoto abriu a cela para ele sair, dois dos agentes acompanhavam Renato;
- Capitão, estão aqui para falar com o Vander. – Ele diz enquanto as grades se abrem.
- Ninguém vai falar com o Vander. – Renato responde ao garoto, me ignorando.
- Posso saber o porquê que não? – Falo encarando ele.
Renato se aproxima, e gente para terem ideia, os policiais que estavam comigo, bateram continência para ele, eu estava com tanta raiva que nem isso fiz;
- Porque estou falando que não.
Eu sorri, peguei o papel na mão do garoto, e entreguei ele até meio amassado para o Renato;
- Você não precisa deixar capitão, tenho autorização direta do supervisor do seu supervisor... O Coronel Braga, só para deixar claro.
Falo avançando, ele olha no papel e diz;
- Não podem entrar armados aqui dentro.
Ele ficou cutucando, Renato estava procurando;
- Capitão se quiser continuar com essa dor de cotovelo, vamos ficar um bom tempo aqui, pois não irei abaixar as orelhas para você.
- Olha como fala comigo Gustavo.
- Para você Capitão é Oficial Medeiros.
O ambiente estava tão pesado, que as pessoas perto sentiram o que estava acontecendo ali. Chegavam a olhar para os lados, tentar disfarçar, coisa que eu não fiz questão de fazer.
- Deixem as armas. – Ele fala me encarando.
Eu pensei que Renato me daria um soco naquele momento, mas ele se segurou, acompanhou a gente até a cela do Vander;
- Prepare a sala de interrogatório, vamos descer. – Ele fala ao guarda.
- Não, precisa. – Falo a eles.
- Ah que devo a honra da sua visita? – Vander fala se levantando.
- Sabia que fica muito bem aí dentro? Combina com você.
- Renato porque autorizou a entrada deles? Não vou falar com ninguém, sabe disso, muito menos com um PF.
Ele dizia tentando me intimidar;
- Posso amenizar sua pena. – Falo encarando ele.
Vander para, me olha, serio, junto com o Renato;
- Vai aliviar para mim igual aliviou para o Rafael?
- Eu não matei o Rafael, e eu também não concordo com a decisão do Ministério Público, estou fazendo meu trabalho.
- O que querem? – Ele pergunta.
- Podem me dar licença? – Falo aos policiais.
- Saem todos vocês. – Renato fala.
Eu olhei para ele que já responde rápido;
- Nem adianta olhar, vou ficar.
- Vou ser direto com você, sabemos que você tem o prefeito e o governador nas mãos, estou pedindo um deles, quero uma declaração sua para manter o governador na cadeia.
- Não.
- Beleza então, com ele de fora você corre mais riscos de vida. – Falo dobrando a folha.
Eu arrisquei sair, e ele pergunta;
- De quanto tempo estamos falando?
- Talvez um regime semiaberto.
- Haha’ conheço a lei Gustavo, sei como funciona.
- Pode até saber, mas não me conhece, consegui o inimaginável para o Barão.
- Isso é verdade. – Renato concorda.
- A resposta continua sendo não.
- Beleza. – Falo saindo.
- Ei, PF! Eu duvidei de você.... Fala para ele Renato, seu lugar é na COE, precisamos de gente assim.
- Assim? Diz um tenente preso e um capitão, que... – Abro um sorriso e saio. – Deixa para lá.
Sai pegando minhas armas, e entro no elevador com os meninos;
- Conseguiu algo? – Um deles pergunta.
- Consegui mais que isso.
O Renato aponta no corredor, apontando para mim;
- Me espera na minha sala. – Ele fala muito bravo.
Desci ao andar e fui seguindo, os meninos desceram para o estacionamento;
- Quanto tempo Gustavo, como está? – Robson pergunta, quando me aproximo de sua mesa.
- Bem, e você.
- Estou ótimo.
- Ah lega, escuta, ganhei um jantar de um amigo, naquele restaurante novo perto da sua casa, que tal a gente...
- Robson, estou namorando, mas obrigado pelo convite.
Ele fica sério, mas não por mim, e sim Renato que estava igual uma múmia atrás de mim;
- Entra. – Ele fala apontando para a sala.
Quando entro, deixo a pasta que eu estava na cadeira e falo;
- O que quer?
- Que história é essa de amenizar a pena? – Renato fala se sentando.
- Dessa vez é mentira, eu blefei.
- Pelo jeito não funcionou.
- Rsrs, Renato as vezes duvido que você é capitão de uma divisão tão importante, abre a mente... Ele acreditou, era tudo que eu queria, e outra. Vou pedir a transferência dele.
- O QUE?
- Vou tirar o Vander daqui.
- Gustavo ele morre assim que sair. – Ele diz gesticulando.
- Vou colocar ele na mesma prisão, na mesma cela do Rafael, vou forçar ele a falar.
- Uhh gostei.
- Obrigado, posso ir? – Ele pergunta de forma irônica.
Fico olhando nos seus olhos, sentado naquela cadeira a minha frente e falo;
- Você não me conhece Gustavo. Não sou como você imagina.
Ele se levanta pegando a pasta de documentos, falando;
- Você é pior que eu imagine Renato, e você sabe disso. – Ele fala saindo.
Ele segue em direção a porta, quando segura a maçaneta, eu digo;
- Você passou, você foi aprovado na entrevista, está a 95% de ganhar seu distintivo de Policial do Comando Maior, você e a Patrícia, dê a notícia a ela.
Gustavo abaixa a cabeça, respira fundo, engole seco e sai.
Acompanhei ele seguindo no corredor, foi duro, sem muito movimento, quando estava em frente ao elevador, ele limpa o que creio ser lagrimas.
Eu fiquei pouco emocionado quando soube da notícia.
Trabalhei somente a parte da manhã desse dia, o Rui tinha a prova da universidade, e eu iria acompanhar ele.
Quando cheguei em casa ele estava todo estressado, se arrumando, ao entrar no seu quarto;
- Pronto? – Pergunto empurrando a porta.
- Vou só colocar o tênis.
Eu peguei sua mochila e percebi ele bufando de raiva;
- Filho, tudo bem?
- Não, nada bem.
- Que foi agora Rui? Você tem uma prova muito importante hoje.
- Não é comigo pai.... Sabia que o Fernando é gay? – Ele diz se levantando.
- Fernando?
- Sim.
- Ta de brincadeira comigo?
- Não, ele veio me contar.
- Aquela má influência, gay?
- Pai!
- Eu não gosto dele.
- Isso é crime, hoje em dia pode ir preso por isso. – Ele fala sério comigo.
- Não estou falando de ele ser gay, e sim das suas atitudes.
- Vamos.
Entramos no elevador e pergunto;
- Mas porque está bravo?
- Ele é meu melhor amigo, todo mundo sabia só eu que não, veio me contar por último.
- E você está bravo?
- Sim, confio nele, conto tudo, e ele fica de segredinho.
- Calma aí, estou confuso, está bravo porque ele não te contou primeiro, ou porque ele é gay?
- Não me importo se ele deita com um cara, mas nossa amizade vem primeiro.
- Aham. – Confirmo pensando no meu filho, com uma mente dessa.