- @rgpatrickoficial
SENTENCIADOS - Episodio 33
Olho para trás e ele estava andando de um lado para o outro, olhando para cima, segurando o choro. Eu puxei ele e o abracei. Foi abraçar o Gustavo ele começou a chorar.
- Respira, tem que ser forte agora, confio somente em você. – Falo em seu ouvido.
- Certo. – Ele diz segurando e respirando fundo.
E era verdade, eu precisava muito dele. E confesso, eu também fiquei muito abalado.
- As luvas capitão. – Fala o agente.
- E o que eu pedi?
- Estão fazendo senhor, todas as celas estão sendo analisadas, o sistema inteiro de segurança, está sendo revisado, as pessoas, como mandou.
- A Perícia?
- A caminho, pediram dez minutos.
- Ótimo. Gustavo! – Falo entregando as luvas.
- Alo... Patrícia, preciso que venha para o Presidio imediatamente.... Não posso dar essa informação por telefone.
- Precisamos manter isso por baixo dos panos, até pegar o responsável. – Falo colocando as luvas.
Entrei na cela, passando um pente fino, e com ajuda da lanterna do celular confiro o nó e o que ele usou para fazer isso;
- Me ajuda Gustavo.
- Não pode tirar ele dai Renato.
- Não é porque está morto que não merece respeito, me ajude a tirá-lo dessa posição.
Descemos ele e colocamos na cama. Ainda com a lanterna olho suas mãos, e roupa, e Gustavo comenta antes de mim;
- Ele não fez isso, olha, sinais de luta, tem pequenos hematomas pelo corpo, sinal de luta nos punhos, olha aqui, cortes pela boca.
- Desconfiei disso também, partimos de Suicídio para Assassinato.
- De assassinato para queima de arquivo Renato.
- Sim.
- PUTA QUE O PARIU. – Fala o Robson na porta.
- Está sozinho? – Pergunto.
- Não, vim escoltando uma equipe da perícia, mas não sabia que era isso.
Eu sai da cela, tirando as luvas;
- Voltamos à estaca zero. Quero nível máximo na cidade Robson, coloca todo o comando na rua.
- Estamos atrás de quem senhor?
- Vander.
- O Tenente Vander?
- Sim, prendem ele até o meio dia de amanhã, é quando está marcado o depoimento do Rafael.
Eu ouvi a conversa de Renato com o Robson. Estava tentando imaginar se havia mesmo a possibilidade de suicídio, para tentar descartar essa busca de Vander, mas impossível. A forma que foi amarrado o lençol era improvável.
A perícia chegou entrando e fazendo algumas perguntas, eu saio daquele ambiente, ainda extremamente abatido, e um dos agentes chama o Renato;
- Capitão, temos um suspeito.
Ele me olha e seguimos para a sala de segurança. Bem as imagens não mentiam, Vander foi a última pessoa a entrar na cela, ele foi com desculpa de levar refeição, entrou e ficou sete minutos dentro da cela.
- Como Vander derruba, e deixa o Rafael inconsciente, o amarrar deixando ele daquela altura, isso não entra na minha cabeça. – Falo para Renato.
- Não é à toa que eu nomeei o Vander a Tenente, ele tem números e missões quase igualadas a mim, ele era candidato a capitão depois de mim.
Nós voltamos na cela, para ter um parecer da perícia e poder fazer algo;
- Algo para mim?
- Capitão, houve luta corporal, tem vestígios de sangue no colchão, colhemos a amostra, e vamos analisar. Fibras de tecido nas narinas, tudo indica clorofórmio...
- Desmaiaram ele para amarrar? – Pergunto.
- Sim, não posso confirmar, sem um exame completo, mas ele foi amarrado já morto.
- Continuem o ótimo trabalho, obrigado. – Renato diz com o celular dele chamando. – Fala Vitor!
Ele fica surpreso com o telefonema, demora a falar;
- Estou indo.
- Que aconteceu Renato?
- Denúncias de um corpo feminino encontrado, Vitor desconfia ser da mulher de Vander, a Elizangela.
Gente ele entrou na cela do Rafael, colocou a mão em um cadáver, mandou prender o melhor amigo, e não ficou da forma que terminou essa ligação;
- Renato, tudo bem?
- Ela é madrinha do Rui, não está nada bem Gustavo.
- Ei, calma, vamos, eu te acompanho, é só uma denúncia, não é certeza, certo?
- Sim. Meu Deus que dia que nunca acaba.
Então correria, seguimos para o carro, eu peguei o rádio e conferi o lugar da denúncia, para seguirmos para lá.
Bem já subimos com medo, pois era dentro da favela, e sabíamos que coisa boa não era de se esperar lá de cima.
Eu também nem falei muito com ele, Patrícia havia chegado no presidio e comandaria lá de dentro, eu passei algumas informações pelo telefone, e o Renato foi estacionando o carro, atrás das viaturas.
Ele ficou imóvel, com as mãos no volante, olhando no fim, o IML retirar o corpo;
- Se precisar estou aqui. – Falo segurando em sua mão.
Ele tenta sorrir. Descemos e ele foi até o Vitor, que estava assinando uns papeis;
- Vitor, então?
- Capitão. Confirmado a identificação, é a Elizangela, mulher de Vander, confirmei com os documentos que colhemos na casa deles.
- Como aconteceu?
- Tiro na cabeça.
- E a casa?
- Sinal de arrombamento, mas nada roubado, cozinha com algumas coisas quebradas, estão procurando pistas.
- Certo, ótimo trabalho. – Renato fala se afastando.
Eu não sabia o que dizer, mas Vitor questiona quando o Renato se virar de costas;
- Capitão, contra quem estamos lutando?
- Contra o sistema Vitor, contra o sistema.
- Novidades da busca de Vander? – Pergunto.
- Recebemos o chamado estadual, uma denúncia de terem o visto no metro, ainda estão averiguando.
- Me atualizem. – Diz o Renato.
- Sim, senhor.
Entramos no carro e questiono;
- Para onde agora?
- Vou te levar pra casa.
- E você?
- Vou para a sede. Montar um apoio para as equipes. - Renato liga o carro, saindo.
- Vou com você.
- Está cansado, teve um péssimo dia Gustavo.
- Você também, quero ajudar.
- Nem vou descutir com você.
Bem vamos lá, galera ficamos a noite acordados, com equipes saindo e voltando, eu, Patrícia e Renato praticamente só no telefones e rádio. Próximo ao amanhecer as informações de Vander esquentaram, e fizemos uma força tarefa.
O que não contávamos era a chegada do Major, logo cedo, Renato olha ele saindo do elevador, já fica abalado.
O major foi entrando, eu estava no rádio, ele ficou calado até eu terminar;
- Atualização Robson! - Falo encarando ele.
- É ele capitão, esperando ordem.
Olhei para o Gustavo e Patrícia, e falo;
- Autorizado, vão pegá-lo.
Todos na sala, ouvindo a equipe em campo, isso é bem angustiante, até Vitor dizer ao fundo do áudio;
- Confirmado! Estamos com ele.
- Capitão, confirmado, ele foi pego. - Robson diz.
- Trazem ele imediatamente. - Falo sentando na minha cadeira. - Desculpe Major.
- Parabéns pela prisão. Capitão Andrade, eu assumo a partir de agora, vai descansar, teve uma noite corrida.
- Estou bem Major.
- Autorize o comunicado Renato, todos precisam saber da morte do Rafael.
- Sim, senhor.
- E vocês? - Ele pergunta para os meninos.
- Rafael é nosso investigado Major, estamos aqui para ajudar. - Gustavo responde.
- Patrícia você responde pela Polícia Federal, as decisões comigo. Renato quero interrogar eu mesmo o Vander. E quero atualizações da morte de Elizângela.
- Sim, senhor. - Falo saindo atrás de informações.
Gustavo joga a caneta na mesa, fazendo pouco de barulho e deixa o rádio saindo;
- Se precisar de algo Patrícia estou no telefone. - Ele diz saindo da sala.