- @rgpatrickoficial
Preso em Você - Capitulo 17
LUCAS MARQUES
Sábado, 10 de Agosto de 2019, 22:58h
Pelo Vitor ficar no nosso pé, junto com a Natalia, organizaram a turma do Futebol para irmos a uma lanchonete destas que vendem espetinhos.
Era de um dos meninos da turma, e confirmamos, sair essa noite. Com o que aconteceu essa tarde, até pensei que João Paulo não iria comparecer.
Mas passou na minha casa, por volta de onze da noite.
Quando ele chegou, só buzinou, e sai, junto minha avó. Vocês tinham que ver ele, a cara que fez quando viu ela;
- João, se importa de deixar ela na casa da minha tia? Fica aqui na avenida. – Falo antes de entrar.
- Claro que não, pode entrar dona Tereza. – Ele abre a porta de trás para ela.
Entrei, e por ela estar conosco, não falamos dos nossos assuntos, e sim, aproveitei para saber mais do Giovani.
Mesmo depois de deixar minha avó, continuamos nesse papo, agora com ele mais tranquilo, e a vontade.
Minha avó Tereza sabe de mim, mas ela não iria gostar de forma alguma que eu ficasse com o JP, ela é de idade, e a única visão que ela possui dele, é a que fomos presos juntos, até então, nada estava mudando sua opinião.
Esse "Espetinho" ficava em uma avenida muito movimentada e conhecida aqui da cidade. Quando chegamos, com dificuldade para estacionar, o JP deu a volta no quarteirão, parando o carro em um lugar mais afastado.
Ele desligou a chave, e eu fui pegando minha jaqueta para sair;
- Lucas espera aí. – Ele coloca a mão em minha coxa.
- Oi.
- Quero conversar uma coisa com você.
- João, tem que ser agora, estão nos esperando, e chegamos atrasados.
- Calma aí. – Ele me puxa beijando.
- Diga. – Viro meu corpo para ele.
- Sabe me explicar como eu posso adotar uma criança? O que tenho que cumprir.
- João, além de ser maior de idade, tem que comprovar uma vida instável, digo financeiramente e psicologicamente, ser casado, ter uma casa um emprego, ou empresa, isso ajuda muito. – Vou falando e ele ficando cabisbaixo. – Mas se for o que estou pensando, impossível você com antecedentes criminais conseguir isso. Eles fazem uma pesquisa muito a fundo, entende.
- Sim. – Ele muda totalmente o tom de voz. – Eu pensei nisso mesmo.
Ele fica em silencio, eu aproximo e dou um selinho em sua boca, depois deixo o meu rosto no dele por um tempo, até JP ter um surto de excitação;
- Se eu estudar, entrar na faculdade, assim como você, Vitor, e Natalia, posso ajudar meus pais a cuidarem, até eu estar totalmente instável.
Eu levei um susto, mas um susto ouvindo ele falar assim;
- Mas você já tem seu dinheiro, pelo que sei seu pai, te paga muito bem.
- Não estou falando de trabalhar para meu Pai Lucas. Amo o que eu faço, mas estou dizendo no futuro, para dar um futuro para a criança entende.
- Pode falar Giovani. – Abro um sorriso.
- Se eu ver aquela Margarida vou acabar com ela. Aquela velha fica empurrando ele em qualquer família. Isabela disse que ela tem que estudar mais as pessoas, sem paciência já com isso.
- Escuta, vamos comer, e você fala com seus pais, sobre o que me disse...
- Não. – Ele interrompe rápido. - Agora não, quero dar a notícia de estar estudando primeiro.
- Está falando sério? – Agora eu que mudo com ele.
- Sim. Mas vou precisar da sua ajuda, você é a pessoa mais inteligente que conheço.
Por um segundo cai na sua conversa, no seu papinho, mas logo a ficha caiu;
- Aham sei, conheço essa carinha viu.... – Empurro ele. – Vou te ajudar, não por você, mas por ele. – Me refiro ao Giovani.
- Que carinha? De gato? – Ele me beija. – De gostoso? – Outro beijo.
- Para JP, vamos, estão esperando.
- Não, espera aí, uma rapidinha, que acha? – Ele vai levando a mão dentro da minha roupa.
- Não seu maluco. – Começo a rir empurrando ele.
- Qual é Lucas, eu como você e depois como lá. – Eu olhei para ele que estava com aquele sorrisão lerdo, e todo contente.
- Vamos. – Abro a porta saindo.
Desci e ele veio atrás, enchendo minha cabeça;
- Vai ficar negando fogo é?
- Fala baixo JP. – Olho para ele que vinha atrás.
- Sacanagem negar fogo para o seu "namorado".
Eu parei imediatamente, e virei para trás, ele fez o mesmo, agindo como uma estátua ao perceber o que disse;
- O que? – Olho ele.
- O que? O que? – Ele brinca comigo.
- O que falou? – Falo sério.
- Nada.
- João Paulo.
- Que foi Lucas? – Ele passa por mim.
- Não se faz de doido garoto. – Agora eu seguindo ele.
- Doido aqui é você, eu não disse nada.
Que raiva desse garoto!
Chegamos na mesa, e todo mundo, umas dez pessoas, gritam;
- "ALELUIA".
Começamos a rir, e eles a encher a gente de perguntas;
- Onde estavam?
- Porque a demora?
- Lucas estava me chupando ali no carro. – João Paulo senta falando aos meninos.
- Te chupando enquanto enfiava minha mão naquele lugar né. – Encaro ele.
Fizemos os pedidos, eu me sentei ao lado da Natalia, que estava tomando uma cerveja e dividindo comigo, ao lado dela na ponta da mesa o Vitor, e em nossa frente o Vitor, e duas cadeiras vazias.
Galera, o Vitor e João Paulo se conhecem desde criança, mas um chega perto do outro e eles tem assunto para mais duas vidas, cansa qualquer um.
Os pedidos chegaram, a gente comendo e conversando, os meninos brincando aquela "VIBE" maravilhosa.
Em um dos momentos que o JP estava passando o pé na minha perna, por baixo da mesa, ele fazia isso quando pegava seu copo de cerveja. E ficava bebendo e me olhando.
Em um desses momentos o idiota encosta da Natalia, que dá um pulo na mesa, a garota levou um baita susto. Aquelas mesas de plásticos de bares sacudiram toda derramando as coisas em cima, o que caiu pouco de cerveja em meu braço.
Ele disse quer era uma brincadeira, e ela xingando ele todo, o garçom foi levar dois copos que quebraram, e eu fui no banheiro me lavar.
E então quando voltei o Roger havia chegado, ele estava acompanhado de uma garota, da nossa idade, com uns dois quilos de maquiagem na cara, ela era muito linda, assim como ele é claro.
Eu fui me sentar, e o JP e Vitor estavam de pé cumprimentando eles;
- Aí não acredito quanto tempo JP. – Ela estava abraçada com ele.
Então vi o tamanho do decote, sem contar na bermuda curtíssima.
Eu me sentei, olhando torto para a Natalia, e perguntando;
- Pelo amor de Deus, que intimidade é essa? – Falo para Natalia, olhando eles.
- A primeira namorada dele, dizem que foi a primeira paixão, na época ele disse que ficava porque era gostosa, mas vai saber. – Ela diz em meu ouvido.
Nesse momento Natalia dá um soco no braço de Vitor;
- Que isso está louca? – Ele se assusta.
- Louca vou ficar se continuar olhando, viro seu pescoço para trás garoto. – Ela ameaça ele.
JP rindo do amigo, e me olha, eu sério, sem expressar nada. Ele até se ajeita na cadeira.
E minha noite ali foi por agua abaixo.
- Natalia nunca vi essa garota aqui, como assim? – Gesticulo ao lado dela.
- Vive na capital Lucas, essa aí é puta de carteirinha, dessa mesa só não pegou eu e você.
- Porra! – Chego a pegar meu copo e virar um gole.
Foi pouco tempo de paz, conversas gostosas, e risadas com amigos, mas era impossível estar ali.
A garota tirou a noite, ela tocava em JP a todo momento, passava a mão e ele sem graça, mas não acordava para a vida.
E eu já sem paciência;
- (...) Esses safados saem Helen e não chamam... – Roger aponta para os meninos.
- Você nem estava na cidade quando a gente foi naquela boate mano, se liga. – Vitor responde.
- Aquela nova? – A tal Helen questiona.
- Sim, a que vamos hoje... JP vai também né mano, descolo as entradas, já que o casal aí vai dar para trás. – Roger aponta para Vitor e Natalia. – Mano, vamos também poxa, muito tempo que não saio com você. – Ele me olha.
- Não, estou de boa. – Respondo ele.
- Vamos viajar amanhã cedo, ir para casa da família da Natalia, marcamos outro dia.
- Então é só a gente mano. – Roger bate nas costas de JP.
- Eu vou amar se você for. – Helen puxa a camisa dele.
- Valeu, não estou com cabeça para boate hoje não. – João responde sem graça.
Eu olhei bem para cara dele, que não acreditava no que estava vendo;
- Por favor, nem sei quando vou voltar aqui. – Ela beija a bochecha dele.
Eu olhei para Natalia, e segurei na cadeira para não fazer merda ali, me contive;
- Vocês dois ainda casam. – Roger diz.
- O que amigo? – Natalia chega a se aproximar.
- Se liga Natalia, é amor antigo isso aqui... Ele vive perguntando dela para mim. – Ele estava meio bêbado, mas quem vai saber se estava mentindo.
- Aí que fofinho, gente. – A garota volta a abraçar ele.
- Fala aí João. – Roger volta a bater nele.
João Paulo estava vermelho, e soava muito;
- É João, fala aí. – Olho para ele.
Era o momento que ele poderia falar, era sua chance, são oportunidades que se perdem em segundos.
Que sorri ironicamente, e me levantei;
- Amiga vou embora. – Levanto olhando a Natalia.
Graças a Deus aquelas mesas de plástico estavam ali, eu não sei como, mas bate com a perna onde estava, e ela vira a cerveja na garota, a molhando toda, meio que molha o JP e Roger também. Ela deu um grito muito agudo que chamou a atenção de todas as mesas.
- Aí seu viado, olha o que você fez. – Ela grita, se levantando.
- De que você me chamou? – Encaro ela.
- Viado é isso que você é. – Ela estava possessa de raiva.
- Garota só não quebro seus dentes, pois... – Estava falando apontando o dedo para ela e Roger interrompe.
- Baixa a bola aí Lucas, está falando com qualquer uma não. Ela nem está te ofendendo, é gay mesmo, todo mundo sabe. – Ele fala em um tom de brincadeira, levantando as mãos, mas a mesa estava em silencio.
Peguei o copo de cerveja da Natalia e nesse momento agradeci por ela beber devagar, e estava cheio, e foi cheio na cara do Roger.
Ele se afastou, mas o molhou todo;
- Ficou doido caralho. – Ele gritou.
- Fica na sua aí mano. – JP estava na frente dele.
- Cai dentro. – Encaro Roger deixando ele LOUCO.
Meu Deus!
Todo mundo se levantou nesse instante, Roger veio, um passo para frente, e o João Paulo empurra ele;
- Vaza JP, ta me tirando. – Roger encara ele.
- Se liga Lucas, olha seu tamanho. – Vitor me segura, puxando de perto.
- Vai querer cair dentro Porra, QUAL É? – João Paulo empurra o Roger com força, fazendo ele dar alguns passos para trás. Ele fica na frente do amigo como uma parede.
Ele é menor que João Paulo, e fica só encarando, não fala e nem faz nada, meio que assustou com a atitude dele, assim como todo mundo na mesa;
- Me solta Vitor. – Falo saindo.
Natalia me acompanha e vou virando a esquina com muita raiva, tentando desbloquear o celular;
- Amigo espera o JP te leva, é mais seguro.
- Não tenho medo do Roger, Natalia, e quero distância do João Paulo. – Abro o aplicativo do UBER procurando motoristas perto.
E então vem o João e o Vitor, um mais puto que o outro;
- Ficou maluco, quer voltar para a cadeira caralho, pega seu carro e vai embora daqui, ele já passou dos limites, já era aquele cara. – Vitor gritava com o JP. – Natalia viu a chave do carro? Não está comigo. – Ele olha ela.
- Não está comigo. – Ela responde.
- Lucas espera. – João Paulo vem atrás de mim.
Eu atravesso a rua para esperar o carro. E Vitor volta para procurar suas chaves;
- João me dá um tempo. – Gesticulo para ele.
- Espera. – Ele segura meu braço. – Aquela garota é louca, eu não fiz nada. – Ele estava ofegante, com cheiro da bebida que eu derrubei.
- Exatamente João Paulo, você não fez NADA. Esse foi o problema. – Solto meu braço.
- Lucas por favor.
- João me deixa, preciso de um tempo... – Eu a todo momento tentava me soltar se suas mãos que insistiam em me segurar.
- Lucas por favor, me escuta... O que quer que eu faça, me fala! Eu faço. – Ele se altera.
- Não João Paulo, você não faz... – Olho dentro de seus olhos. - Eu não sei o que você quer, mas eu quero alguém que esteja ao meu lado, e que "lute" comigo. Se você quer sexo, e uma pessoa para ficar com você no anonimato, essa pessoa não sou eu.
- Lucas, olha o que está falando.... Eu não sei o que fazer.... Sabe disso, sozinho eu não consigo.
- Desculpa João, mas posso não ser essa pessoa.
O carro do UBER parou no meio da rua, e eu abro a porta para entrar;
- Lucas eu estou te pedindo, por favor... – Ele segurava em minha camiseta.
- Você já é um adulto, e algumas coisas você tem que encarar sozinho. Quando quiser ficar comigo sem segredos, estarei te esperando. Tchau João Paulo. – Entro fechando a porta do carro.
Ele ficou de pé, no meio da rua, olhando eu virar a esquina.
Podem me julgar, podem falar o que quiser, dizer que sou frio, que isso e que aquilo.
Mas me arrependi amargamente destas palavras, sei o que causaram nele, e acreditem, fez o mesmo comigo. Pois eu fiz uma pessoa de quem eu gostava sofrer, e muito.