- @rgpatrickoficial
Laços - Capitulo 41
Bento agindo como se fosse outra pessoa, não igual à da noite passada.
Damos banhos nos cavalos, eu ajudando ele. Bento com uma escova e eu com a mangueira.
- (...) mas sempre como assim, todo dia? – Ele pergunta.
- Não, Nicole sofre disso as vezes, eu nem sei como ela teve uma cena dessa aqui, pois está totalmente diferente.
- Diferente?
- Sim, deixamos o celular de lado, e mano, isso aqui é fora do normal para a gente.
- Sei como é, e você?
- Eu o que?
- Já passou por isso?
- Crise de ansiedade? Não. Mas ela é minha irmã, eu fico desconfortável sabe e mal, por não entender. É foda.
- Sim, muito.... Pronto. – Ele se afasta e eu enxaguo o cavalo.- E ontem?
- O que?
- O que? Tive que sair para o banheiro, rsrs.
Nossa abro um sorriso sem graça, e fiquei todo sem jeito;
- Não vamos falar sobre isso cara!
- Não curtiu?
- Não fizemos nada.
- Exato Bento, por isso não tem o que comentar.
- Relaxa, só pensei que pediu para ficar aqui, por isso.
- Rsrs, não. Se eu voltar meu pai, o Dimitri vai cobrar uma posição da faculdade, e eu não quero pensar nisso agora.
- Posição?
- Sim, que curso quero prestar.... Ambos querem que eu siga suas profissões, na medicina, mas é foda cara.
- Sei como é você fazer as coisas para agradar as pessoas.
- Sim, exatamente isso. Tenho que ajudar meus irmãos, meus pais e amigos. Mas ninguém tem tempo para me ouvir saca...
- Sim, as pessoas não se importam com o que você tem a dizer.
- É como se todos ao meu redor estivessem em uma sala gigantesca, todos dormindo e eu passando ao meio, andando equilibrando copos de vidro. Se eu fizer algum tipo de barulho reclamam, tenho que ficar calado, só administrando o “sono” de todos. Quando sou eu ali, deitado com problema, eles andam com motocicletas, sem se preocupar comigo.
- Puta merda, é o como eu penso. – Ele me toca.
- Não viajei muito não?
- Não, falou bonito. – Bento me encara, olhos nos olhos.
Apertando meu ombro.
- Queria mas não posso ficar mais. - Pego na mão do meu pai.
- Não tem problema, vai e cuida da pequena.
Ele foi no carro despedir dela, falei com minha irmã, cumprimentei o Wilker;
- Cuida do seu irmão.
- ok. - Ele responde apertando minha mão.
Daniel estava em uma cadeira, eu me abaixei na sua frente.
- Próxima semana buscamos vocês, se comportem e você também cuida do seu irmão.
- Tabom, mas ele não me escuta.
- Rsrs, qualquer coisa tu fala com a tia Alzira, ela pega um cabo de rodo pra ele, rsrs.
- Tá.
- Eu te amo tá filho. - Beijo forte sua testa.
Ele me aperta, abraçando e correspondendo o que havia ouvido.
Gente Artur parece que estava enterrando esses meninos, mas chorava e ficou desesperado, todo manhoso. Ana também despediu e entramos no carro seguindo viagem.
No banco de trás, as duas foram abraçadas, acho que até a metade do caminho, quando Nicole dormiu.
É difícil, muito difícil acompanhar ela nestas crises, a cada surto é como se seu corpo esgotasse energias, como se ela tivesse corrido uma maratona.
Chegamos a tarde, ficamos em casa quietos mesmo, Ana dormiu por lá, pois Artur Iria com ela no hospital no dia seguinte.
De certa forma seguimos os quatro bem cedinho;
- Como está? Ansiosa? - Pergunta a Nicole no carro.
- Sim, falar com ele me acalma.
- O que está sentindo?
- Como se algo ruim fosse acontecer pai.
- Não vai. Eu estou aqui exatamente para isso, te proteger.
No hospital, nós chegamos e Artur foi tomar café;
- Ele já deve estar esperando ela, sobe e depois vem acompanhar a gente, eu te espero. - Ele diz na porta do elevador.
- ok.
Subi com ela, mesmo não podendo entrar eu a deixei na porta.
- Vou estar com Artur na cafeteria, aqui embaixo.
- Tudo bem!
Eu desci e fui me servir para sentar, mas uma enfermeira chega rápido na mesa;
- Graças a Deus está no hospital doutor, precisamos de você na Emergência.
Ele nem falou nada e saiu rápido;
- Acho que somos só nós dois Marcos. - Ana bebê café.
- Sim querida.
# Artur
Desci com a chefe das enfermeiras, no caminho colocando meu jaleco.
A porta do elevador se abre e eu já vejo os pais de Luigi;
- Não acredito! Graças a Deus. - A mãe dele grita.
- Que houve? - Me aproximo correndo.
- Taquicardia, dificuldade para respirar...
- Vamos subir com ele, RÁPIDO. - Empurro a maca. - Luigi fica comigo, olha para mim.
Caramba subimos a todo vapor, já colocando ele no soro. Aplicando medicação na veia para os sintomas e já mandei ficarem com a sala de cirurgia a postos.
Mas a correria foi positiva, em pouco tempo ele estava bem, na medida do possível é claro.
Marcos esperava com a Ana no meu andar, onde também era o consultório que Nicole estava;
- Está tudo bem? - Ela diz aí me ver.
- Mais ou menos, é o Luigi. - Dirijo a palavra a Marcos. - Houve algumas complicações, ele foi internado novamente.
- Vai contar ao Daniel?
- Não amor. Vou esperar, estou com esperanças no garoto.
- Aí caramba. – Ele passa a mão no rosto.
- E você vem comigo, tenho que conversar com uns colegas, e fazer uma bateria de exames da senhora. – Ele puxa a Ana.
- Ele está procurando e vai achar, rsrs. – Ela sorri.
Eles passaram um bom tempo juntos, desde tirar sangue, a outros exames, ele realmente uso eu abusou de Ana. Eu ainda sentado, ele passa com ela em uma cadeira de rodas;
- Vem com a gente. – Ele pisca para mim.
Entramos em uma sala grande, onde fazem a ressonância magnética, eu fico em um canto, ele deita ela e conversa algo e volta para um local cheio de telas. Havia um rapaz sentado operando;
- Marcos estou com medo. Amor o Luigi não vai durar muito tempo.
- Como assim? Como me fala uma coisa dessa assim Artur.
- É assim que se fala ué. – Ele ergue os ombros e as mãos. – Não sei o que fazer. Ele precisa urgentemente de um transplante, já avisei a direção do hospital, mas eles também não têm muito poder.
- Sabe que não pode omitir isso do Daniel né?
- Sei sim.
- Doutor. – O garoto chama.
- Que é isso? – Artur olha para a tela perguntando. - Está na região dos gânglios, tem o que dez centímetros? – Eles comentam.
- Que foi? Que isso? – Vejo a tela.
Duas imagens para mim as mesmas, mostrando a cabeça de Ana, com uma luz pequena bem destacada;
- Aparamente um tumor. Chame o oncologista para mim. – Artur desce as escadas indo até ela, que estava saindo da máquina.
- “Solicitando a presença do Oncologista na Sala de Ressonância com urgência. ”
Eu fiquei tenso, ela saiu sorridente como sempre, brincado;
- Olha ela faz um barulho chato, mas eu dormiria aqui tranquila. – Ela fala comigo.
Artur tira ela e segue para um quarto, eles foram na frente e o médico chegou olhando o exame, eles meio que imprimiram algo, e o cara chamou outro médico.
Eu tive que sair pois estava sem graça já, pela quantidade de profissionais e eu ali no meio, e Artur desapareceu.
Ao sair no corredor, vejo ele parado ao lado de fora e bebendo agua, sendo consolado pela Alexia, me aproximei, e Ana estava no quarto conversando com uma enfermeira;
- Que foi! Que está acontecendo? – Falo chegando neles.
Ele olha, e fica de forma ereta;
- É um tumor, estão olhando os exames, e vão vir falar com ela.
- É muito grave?
- Se for o que estamos achando, precisa de cirurgia urgentemente. – Alexia diz.
Gente, eu gelei no momento, fiquei estático;
- Marcos se eles confirmarem iremos para a cirurgia o mais rápido possível.
- Tudo bem, eu concordo, mas amor praticamente achei a família dela.
- Estão vindo. – Ele olha.
Vem os profissionais e já me olham;
- Podemos conversar Doutor? – Eles dizem para o Artur.
- Podem falar é meu marido.
- É caso cirúrgico, aparentemente o tumor está com pequeno sangramento, e é muito perigoso.
- Tudo bem. – Artur passa a mão na cabeça.
- E isso é caro? – Pergunto.
- Em torno de cem mil. – Alexia responde.
Olho para ele, que estava desolado, e Artur entra na sala;
- Mulher trouxe uns amigos para falar com você, podemos?
- Claro, se for bonito então, rsrs. – Ela brinca.
Entra os doutores, eu fico ao lado dela, segurando sua mão, e Ana comenta;
- Eu falei que iria achar alguma coisa Artur.
- Querida quanto tempo tem essa dor de cabeça? – Ele pergunta.
- Sempre tive, e normal, eu tomo um remédio e passa.
- Qual remédio Ana? – Um dos médicos pergunta com uma prancheta em mãos.
- Paracetamol 750mg é o único que funciona.
Eles se encaram e ele comenta;
- É um dos mais fortes que tem...
- É o que funciona comigo.
- Visão turva? Vômitos? Algo diferente? – Ele insiste.
- Visão ruim sim, vômitos não. E dores nas costas, mas todos nós temos né... – Ela sorri e então confronta eles. – Olha sei que não estão aqui porque eu sou linda, podem dizer.
- A sua ressonância apresentou um tumor, e as dores de cabeça são uma indicação. Estamos estudando ele para saber qual a gravidade e o que pode ser feito, mas de imediato é uma cirurgia Ana. – Artur diz.
- Tudo bem, é para retirar? – Ela questiona.
- Iremos fazer mais alguns exames, para ter certeza da remoção, e também de como e onde ele atinge você. Acho que vai passar mais uns dias conosco. – Diz o oncologista.
- Artur eu quero ir ver minhas amigas do asilo, me leva lá? E depois fazemos esses exames?
- Ana peço que entenda a gravidade do que possui. – O médico insiste.
- Doutor, já passei por muita coisa na vida, e isso é só mais uma para minha lista de histórias, já esperei até hoje e pode esperar eu tomar um chá com minhas amigas. – Ela fala seria.
Foi uma das poucas vezes que a vi assim.
Artur saiu com os médicos, e eu também, Ana iria se trocar para os exames. Com a proximidade escuto eles conversando;
- Certeza somente depois dos exames em mãos, mas será cirúrgico. – Um deles olha preocupado. – E não será nada fácil, comunique a família.
- Tudo bem. – Artur diz passando a mão no jaleco.
A enfermeira acompanhou Ana, que foi com alguns médicos, seguindo pelo elevador;
- Vou ver como Nicole está e já subo Ana. – Artur fala, ao fecharem a porta.
Ele me olhou, e já sabia o que era;
- Trazemos ou não Daniel? – Ele indaga.
- Como assim? É tão grave assim?
- É um procedimento cirúrgico Marcos, é perigoso, sempre há risco de vida.
- Devo me preocupar? – Seguro em seu braço.
- Deve ir atrás da família dela.
- Iria esperar o Daniel para ele comunicar com eles, ele pediu isso.