- @rgpatrickoficial
Laços - Capitulo 32
Minhas férias já entraram em vigor, e adiantei serviços para o arquiteto e fiz a liberação de Luigi e passei alguns pacientes para meus colegas.
Mas por questões de quadro clinico, diminui a viagem de Luigi em 70%, assim mais perto, ficaria mais fácil, caso precisasse de algo.
Com isso meus dias com minha família, também se limitariam. O que somente as crianças iriam gostar, já Marcos;
- Demorei dois anos para conseguir essas férias amor. – Ele me segue na cozinha.
- Marcos, tenho que me sacrificar pelo Luigi.
- Calma, vai voltar em quinze dias? – Ele gesticula.
- Não, mas se preciso sim, estarei em quinze dias e o resto em plantão, se chamarem tenho que correr.
- Amor, faz um esforço. – Marcos me abraça, beijando meu pescoço.
- Irei, não se preocupe.
- Agora vou subir, e passar minha farda, último dia de trabalho amanhã.
- É tenho que levar o carro na revisão, Nicole no cabelereiro, Wilker e Daniel no colégio.
- Certo vou subir. – Ele pega em minha bunda.
- Mas gente.
Marcos subiu as escadas e a porta se abre, o Wilker entra, devagar, de fones de ouvido.
Ao lado de fora eu via Hugo deixando o Daniel, que desce da moto descepedindo.
Meu filho olha pausadamente e fecha a porta;
- Seu irmão está vindo. – Falo apontando para a porta.
- Oi? – Ele tira os fones.
- Seu irmão, meu filho.
- Nem vi. – Ele começa a subir as escadas.
Eu aproximo olhando para cima;
- Wilker pegou tudo?
- Sim. – Ele mostra as malas.
Novamente me dá as costas e se afasta;
- Filho.
- Oi pai? – Ele responde aéreo.
- Tudo bem?
- Sim.
- PAI.- Daniel entra gritando.
- Oi filho. – Abaixo abraçando ele.
- Olha que linda. – Ele mostra uma camiseta que usava.
Branca com uma arte meio abstrata, cheia de cores;
- Que linda filho, onde conseguiu?
- Ana me deu, ela que fez. – Ele diz esticando o pano.
- Mas Ana está muito talentosa querido.
Daniel me abraça, beijando meu rosto;
- Te amo.
Assim do nada, uma carga de energia positiva!
- Ai meu Deus, eu também te amo meu filho, você e seus irmão são minha vida. – Correspondo apertando ele.
Daniel faz um carinho no rosto dizendo;
- Pai, que acha de Ana ir com a gente na viagem?
Fico pensativo sobre a pergunta e respondo;
- Posso ver com seu pai, o que acha da ideia. Mas acho que não será um problema, pois o seu irmão vai levar o Wilker.
- Tudo bem, então. Pode falar.
Esse menino gente subiu essas escadas voando, fui subindo atrás dele e vejo a porta do quarto do Wilker fechada.
Isso só acontece quando tem algum problema, chego no meu quarto, o Marcos dobrando sua roupa;
- Vamos pedir comida? – Pergunto na porta.
- Sim, que está querendo?
- Vou pedir uns sanduiches mesmo.
- Salada para Nicole, Bacon para mim e Daniel e nunca sei o que Wilker quer.
- Vou falar com ele.... Ei está sabendo de algo? A porá está fechada. – Eu gesticulo mostrando.
- Não.
- Vou falar com ele... – Afasto, e dou uns dois passos, lembrando de Daniel. – Nosso filho que levar a Ana.
- Para a viagem?
- Sim.
- Por mim, tudo bem, é fazenda, ela deve gostar.
- Ótimo, vou falar com os meninos, e ir amanhã falar com ela.
- Seu dia amanhã precisa de 48 horas.
- Também acho.
Bato na porta de Wilker que rapidamente responde;
- Entra.
- Ei, vamos pedir sanduiche para jantar, quer de que? – Pergunto segurando a porta.
- Qual tem?
Com o aplicativo de comida aberto, entrego para ele as opções.
Ele estava deitado com os fones e celular em mãos, eu aproximo sentando do seu lado.
Wilker olha o cardápio, monta o que quer e me entrega o celular;
- Pronto.
Eu ali mesmo prossigo, fazendo a solicitação e comento com ele;
- Tem muito tempo que não me deito aqui. – Digo olhando o teto.
Ele estava no Whatsapp, ainda com o celular em mãos ele me olha, questionando;
- Que o senhor quer pai?
Faço biquinho de lado com a boca, por ele desconfiar e digo;
- Seu irmão quer levar a Ana com a gente, que acha?
- Acho ótima ideia, porque não? Ela fica só naquele lugar, sai poucas vezes e sempre com gente velha.
- Filho ela já tem uma idade.
- Mas tem muita saúde pai.
- Vou ver ela amanhã.
- Bom que falou, Hugo não vai mais.
- Que foi?
- Não sei. – Ele responde rápido.
- Meu filho, está bem mesmo? – Me viro para o seu lado.
- Estou pai, porque a pergunta?
- Quanto mais me aproximo você afasta Wilker.
- Não é assim.
- É assim Wilker! Desde que entrou nessa casa hoje, eu vi que tinha algo errado.
Ele fica calado, e não diz nada, mas também, nenhuma atitude;
- Isso é por causa da viagem?
Ele engole seco e responde;
- Não.
- Wilker se não confiar em mim, em quem vai filho? Não precisamos ficar carregando tudo sabe! Às vezes é bom colocar para fora.
- Tudo bem.
- Não precisa ser com o Pai! Pode ser com seu irmão, sua irmã, Hugo, Ana, Dimitri, só fala.
- Eu estou bem.
Aproximo, beijando sua testa, e abraçando ele de lado. Com o movimento Wilker me aperta, como a muito, muito tempo não fazia.
Deixei meu celular e retribuo, apertando e sentindo o cheiro do meu filho;
- Eu te amo tá. – Falo em seu ouvido.
Ele não responde, eu me afasto e percebo que ele estava pouco abalado;
Passo a mão em seu rosto, próximo aos olhos, que olhavam para baixo.
Wilker segurou minha mão, e senti que estava tremulo e pouco soada.
Consigo ter a visão dos seus olhos, mais confortáveis e afastados;
- Hugo veio falar comigo hoje!
- Que seu amigo queria? – Pergunto sem deixar sua mão.
- Hugo disse que estava apaixonado por mim. – Ele não esboça atitude, ou sentimento algum.
Fala indiferente e se impõe no que fala, como se “não se importasse”;
- O que você falou filho?
- Nada, eu não sabia o que falar.
- Isso não é o certo Wilker.
- Pai, então por favor me fala o que eu faço. Eu gosto tanto dele, mas é como meu irmão, é o Hugo Pai! Crescemos juntos, ele aqui eu na casa dele. E de repente tudo isso de uma vez, eu não sei o que fazer.
- Se ele disse isso, é porque está sentindo algo forte, até porque, ele é seu melhor amigo e vice e versa. Você pensou em algo?
- Vou viajar, vou dar um tempo dele.
- Eu gostei dessa ideia, isso pode ser bom. Mas não vai falar sobre o assunto com ele?
- Pai, eu não tenho culpa, acredite eu não dei esperança, e sei que não é o normal, mas as vezes a culpa não é minha. Não tenho culpa de ele sentir algo, estou tentando ajudar ele com sua sexualidade, mas agora, estou perdido.
- Você está certo. – Beijei sua mão. – Meu concelho é pedir um tempo a ele, até porque não sente o mesmo. Esse tempo para ele também pensar melhor em suas atitudes, pois isso poderá abalar a amizade de vocês correto?
- Sim.
- Mas você tem que tomar a decisão que achar melhor, já é bem grandinho para arcar com as consequências, certo?
- Sim, pai. Obrigado.
- Olha, não irei falar para ninguém o que disse. Mas filho, faça o que seu coração mandar, promete?
- Sim.
Eu me levanto da cama;
- Pai.
- Fala.
- Posso fazer uma tatuagem?
- Não.
Ele sorri, enquanto eu saio do quarto.
Olhem, no dia seguinte o que eu disse que iria fazer, meio que dobrou de tempo, pois me enrolei a manhã, toda, e só consegui chegar no asilo a tarde, isso porque marquei de almoçar com a Ana.
Me identifiquei na portaria e me deixaram entrar, eu sigo para onde a moça do portão diz ser, e Ana estava vindo no fim do corredor, eu parei frente ao seu quarto;
- Antes tarde do que nunca. – Ela abre um sorriso.
- Posso pedir desculpas de joelhos se quiser.
- Deixa de exagero, vem aqui. – Ela me aperta.
MEU DEUS, vocês precisam de um abraço dessa mulher, que era aquilo!
- Ai eu estava precisando de um abraço carinhoso assim. – Falo retribuindo seu aperto aconchegante.
- Senta querido. – Ela puxa o pequeno banco marrom ao lado de sua poltrona. – Me conta, como vai a vida, a família?
- Ai Ana, graças a Deus, os cabelos estão caindo menos esse mês.
Ela dá uma boa gargalhada, segurando minha mão;
- É assim que vai ficar filho. – Ela aponta para um dos senhores que passa a nossa frente.
- Eu acredito que também.
- Tem uma família abençoada Artur, o único trabalho que irão dar é o sucesso. Olha para mim, quando começaram a me dar problemas me colocaram aqui, acho que tive sorte. – Ela mostra mechas de cabelo.
E aquela risada novamente;
- Mas gente. Ah me perdoa, eu fui levar o carro para a revisão e estou puto da vida mulher...
- Que foi?
- Não posso viajar no carro, agora, estou atrás do pessoal do seguro, preciso de um carro rápido.
- Calma as coisas sempre se resolvem, para o bem, ou para o mal. Se não conseguir o carro, é porque não era para viajar, não concorda?
- Sim.
- E Daniel?
- É a razão de eu estar aqui.
- Que foi?
- Ana, ele pediu que eu mesmo fizesse o convite... Ele quer que te chame para viajar conosco. – Coloco a outra mão, sobre a dela.
- “Magina” não quero atrapalhar o momento da família de vocês, precisam desse tempo, e outra querido, nem roupas chiques eu tenho.
- Rsr, mulher vamos para a roça, fazenda do pai de Marcos. Eles vão conhecer o Daniel, e meu filho está mais ansioso que os pais. Acho que por isso pediu sua presença. E outra, você é praticamente da família, não tem o porquê não vir conosco.
- Filho, olha para essa velha aqui, tem certeza que não irei atrapalhar?
- De forma alguma, o convite é para que a senhora possa sair um pouco, passear, não digo conhecer pessoas, pois o máximo que teremos é uns animais, rsrs.
Ela sorri;
- Nada melhor que natureza né filho?
- Sim.
- Olha se for assim eu aceito, é bom ter um lugar para ir ao invés só de enterros de amigos.
- Ótimo, eu e minha família ficamos muito felizes. Mas me fala, como a senhora está de saúde?
- Eu estou ótima filho, quer ver? – Ela se levanta.
- Sim.
AMO gente velha, eles têm exames de anos atrás, Ana me sentou na sua cama e mostrou a sua última bateria de exames, e sim, estava tudo certo, só umas observações;
- Mas gente, alguém precisa segurar um colesterol né? – Falo rindo.
- Isso não era para ver. – Ela puxa o papel.
A gente sorri juntos;
- Querido eu vou morrer, e quero aproveitar o que ainda me resta de felicidade, uma delas é comer.
- Você está certa, mas isso aqui eu te ajudo, depois.
- Escuta Artur, você não tem uma amiga ou amigo Ginecologista não?
- Tenho demais, mulher. Porque, para a senhora?
- Não, é que a voluntaria do asilo mudou de cidade, e....
- Ah gente, minha melhor amiga é Ginecologista, mas vou fazer melhor, quando voltar, vamos montar um mutirão de médicos do hospital e fazer a festa com esses velho tudo.
- Isso, vão fazer a festa, com tanta dor e doença, rsrs.