- @rgpatrickoficial
Laços - Capitulo 18
Que alivio, caramba, era bom respirar tranquilo depois desse jogo.
Na quadra junto a comemoração com todo mundo enchendo o saco da bolada na cara, mas ganhamos e era o que importava.
Mas para sair da quadra afastaram a gente do outro time, porque poderia dar merda, eles saíram primeiro e depois a gente.
Com o colégio inteiro gritando seu nome, aplaudindo, sorrindo e batendo em suas costas, meus olhos viram Ícaro junto a algumas pessoas.
Era um corredor de pessoas até o vestiário, ele encostado em uma das grades me olhando fixamente rindo e comentando algo;
- (...) O maior cestinha da temporada, assim vai deixar os adversários com medo.
Eu parei, olhei para o lado, bem no fundo dos seus olhos;
- Vamos mano. – Hugo passa a esquerda.
Me segurando pela cintura, ele olhou para Hugo e disse;
- Ah, contou para o seu amiguinho foi? Ou ele já sabia?
É ele brincou na hora errada, acertei um murro em seu nariz fazendo ele sair para trás.
A pancada foi tão forte que minha mão doeu muito, e fez até barulho, pensei ter quebrado um dedo na hora. Ele cai no chão gritando de dor.
A bagunça dobra, algumas pessoas afastando, outras querendo ver, Hugo me segurando, ajudaram ele a levantar, e mano, o sorriso abriu ao ver que tinha sangue em sua cara;
- Vai ter volta, eu prometo, e você não vai gostar. – Ele diz se levantando.
O cara ainda teve a audácia de me ameaçar. Pulei sobre ele, consegui acertar outro muro, mas de leve, pois alguém me pegou que chegou a erguer para trás, afastando da bagunça. E a segurança achava que a treta seria com o outro time.
Com meu pai no colégio, nem para a diretoria eu fui, fiquei um pouco no vestiário, com o treinador, enquanto o time estava meio que tomando banho e seguindo para aulas;
- (...) Fez o que todo mundo queria fazer mano, relaxa.
- Wilker vingou do folgado pela gente.
- Foi a comemoração da vitória.
Os meninos comentando, Hugo não tomo banho ele só trocou e saiu, nem tinha como a gente conversar.
- Wilker. – Meu pai entra no vestiário.
Peguei minha mochila saindo;
- Parabéns pelo jogo hoje. – O Treinador bate em minhas costas.
Ele foi seguindo para a saída;
- Preciso ir para aula. – Falo parando no corredor.
- Hoje você não assiste aula meu filho, direção achou melhor ir para casa, sorte o resultado do jogo.
Sigo ele que antes de chegar na porta comenta;
- Acho que você quebrou o nariz dele.
- Pai desculpa, é que...
- Não tem que me explicar, quando estiver pronto.
- Valeu.... Não falou que viria no jogo hoje?
- Você me falou.
- Nossa nem lembro.
Entramos no carro e ele foi saindo do estacionamento;
- Vamos almoçar naquele “Japonês? ”
- Pode ser.
O celular dele chama, o navegador dá espaço para o nome “Artur Franco”;
- Alô.
- Que aconteceu? Diretor do Wilker me ligou aqui, fiquei vinte minutos ouvindo que meu filho se envolveu em uma briga, e você estava lá...
- Sim, fui ver o jogo do time. Mas não se preocupe, foi só briga de colégio.
- Dimitri, cadê ele?
- To aqui pai. – Falo ao viva voz.
- Meus parabéns, você quebrou o nariz do Ícaro.
Dimitri me olha, não comenta nada, eu também fico calado;
- Meu filho que eu faço com você? Sabia que podem te processar? E você ter que responder na justiça. Wilker que está acontecendo com você?
- Nada pai.
- Se prepare, pois quando chegar vamos conversar.
Dimitri desliga e ainda comenta;
- Sabe que pode preparar né.
- Sim.
Chegamos no restaurante, onde ele é conhecido dos proprietários, isso era por volta de dez da manhã. Estava fechado.
Entramos e pegamos um suco, ele conversou um pouco com eles, mas logo voltaram ao trabalho, afinal, iriam abrir em breve.
- Vamos lá, que aconteceu no Olímpio? – Ele baixa meu celular.
- Hugo é gay!
- QUE? – Dimitri chegou a cuspir o suco.
- Pai. – Falo me afastando.
- Foi mal, desculpa.... De onde tirou isso Wilker?
- Ele me falou.
- Meu Deus, conheço aquele garoto desde criança, vocês cresceram juntos.
- E daí?
- Wilker, gay conhece outro gay, na maioria das vezes. SEMPRE, ele filho é tipo.... Você.
- Como assim?
- Você é bruto, não tem nada de delicado, se for gay meu filho, será o gay mais fora da curva que existe, nem jeito para isso você tem. Ele da mesma forma.
- Está sendo preconceituoso falando assim.
- Desculpe, mas é a verdade.
Expliquei o porquê fiz aquilo com o Ícaro, e ele então;
- Estou do seu lado, o que fez é errado, mas foi bonita a atitude de defender seu amigo. Mas fui ver o jogo e para termos essa conversa.... Não exatamente essa, mas a seguinte.
- Sim.
- Wilker, está aproximando do meio do ano, e ainda não me falou sobre a universidade!
- Eu ainda não me decide pai!
- Tudo bem, é que na semana passada eu estava nos EUA, e lembrei. Seu curso de Fisioterapia, ou Medicina, não sei o que decide, está a sua espera.
- Mais um mês.
- Está acontecendo alguma coisa? – Ele segura em minha mão.
- Sinto que não está na hora de deixar meu pai.
- Wilker, seu pai está bem, estruturado, com família, sério as vezes me parece que você é o adulto daquela casa.
Eu abro um sorriso;
- Daniel né o nome do seu irmão?
- Sim.
- Que garoto especial, olha, Artur achou uma agulha no palheiro. Fiquei uns cinquenta minutos do jogo com ele e parece que tive uma conversa com um dos investidores.
- Ele é muito inteligente.
- Ah, outra coisa. Você vai concordar com a abertura da clínica.
- Pai, não!
- Artur precisa dela, e você sabe disso, seu pai sonha com ela a anos.
- Pai, não vai funcionar como está pensando.
- O que?
- Desculpa, mas ele não vê mais o senhor como antes.
- Não custa tentar.
- Pai, eu odeio dizer isso, mesmo, mas o Marcos é a alma gêmea do Artur. Eles se completam.
Ele fica parado me olhando, com uma cara indiferente;
- O senhor vai achar alguém.
- Não temos culpa de gostar das pessoas, esse é o ciclo da vida.
- Se quiser ajudar ele com a clínica, ótimo, mas com o pensamento de ajudar, porque se ele perceber algo, vai cair fora.