- @rgpatrickoficial
Laços - Capitulo 13
Durante a aula o João foi todo cuidadoso e carinhoso comigo, as vezes o professor viria conferir as atividades.
No final, depois de jogarmos um pouco de vôlei ele nos liberou, fez uma última chamada, e todos poderiam ir embora.
Em direção as mochilas vejo o Daniel já me aguardando;
- Podemos jogar queimada? – Ele me pede.
- Olha tem que pedir... – Quando me viro vejo o João bem perto de mim... – Ele!
- Podemos jogar queimada?
- Sim, mas depois colocam as bolas nesse saco tudo bem?
- Pode deixar.
Ele entrou com uns meninos na quadra, eu pego uma toalha e agua, me sentando, e ele do meu lado faz o mesmo;
- Seu irmão não está jogando hoje? – João olha para a quadra.
- Está viajando com o pai.
- Calma, eu sempre me confundo. – Ele sorri. – Pai dele, com o Artur?
- Correto, o Dimitri.
- Isso, rsrs.
Eu sorri, e sabem aquele silencio, que é capaz e ouvir os grilos no fundo, rsrs;
- Nicole, queria falar antes, mas com tudo que aconteceu...
- O que?
- Quer ir ao Cinema comigo no sábado?
- Ao cinema? – Quanto pergunto o Hugo passa no fundo, me encarando, e adivinhem que eu fiz? – Seria ótimo Hugo.
- Hugo? – Ele pergunta.
Como eu estava olhando, ele se vira olhando, e também o vê;
- Não, é que vi o amigo do Wilker e falei... Desculpa.
- Tem certeza?
- Sim João... gostaria muito de ir ao cinema com você, serio.
- Certo, terror ou romance?
- Rsrs, terror.
- Serio?
- Sim.
- Maneiro!
Sai de uma cirurgia bem das complicadas, e fui direto atender um paciente.
Quando a consulta finalizou, cheguei no balcão das secretarias;
- Gente, preciso de uns minutos, vou tomar um café, ok.
- Sim Doutor.
Desci até o refeitório, peguei um Brownie e um café bem forte, sentado respondendo as mensagens do Whatsapp. E então vejo o “tempo fechar”.
Dimitri entra no refeitório, cumprimentando uns antigos colegas e amigos, e claro, se senta comigo;
- Um café por favor. – Ele pede.
- Usando lentes agora Dimitri? – Falo deixando a xicara.
- Testando, gostou?
- Não gosto de azul.
- Hum entendi o porquê seu marido tem olhos verdes.
- Veio para falar do Marcos? Gosta tanto dele assim?
- Não, se bem que poderia ficar aqui um bom tempo falando mal do PM, mas tenho coisa mais importantes a tratar com você. – Ele fala sério. – Obrigado.
Dimitri coloca açúcar no café, e eu questiono;
- Wilker não vai ganhar carro antes dos dezoito.
- Hum, mas dirigir para levar os irmãos para escola pode?
- Rsrs, ele fez um favor.
Ele sorri ironicamente;
- Ontem eu estava na prefeitura e o Secretario de Saúde é um antigo amigo...
- Comendo ele?
- Sim, às vezes, e adivinha! Vejo o projeto da sua clínica, e confesso que tem muito potencial.
- Obrigado.
- Então peguei e estudei durante essa noite, e vim lhe fazer uma proposta Artur.
- Você tem dois minutos Dimitri, tenho paciente esperando.
- Eu banco toda a clínica, tudo, lugar, equipamentos e corpo de clientes, com uma condição.
- Rsrs, qual?
- Que ela seja de Wilker.
- Oi?
- Que a empresa esteja no nome de nosso filho, quero garantir o futuro dele, já que você não aceita os presentes dele.
- Está tentando competir com Marcos?
- Não, mas se estivesse eu já tinha ganhado. O que me diz?
- Não, eu não tenho mais só o Wilker de filho Dimitri, tenho uma família, e não irei aceitar, obrigado.
- É meu filho também Artur.
- Graças a Deus não é só seu né Dimitri, sorte a dele ter a mim. A resposta é não, com licença.
Acho que com todo mundo, sempre no fim do expediente acontece algo, um cliente aparece, um telefone, um e-mail para enviar, sempre tem algo. E comigo e Matheus não é diferente;
- (...) Nunca fui em Anápolis, minha mãe nasceu lá, mas veio para Goiânia quando criança, e se mudaram para Brasília, onde ela vive agora.
- Mas você Marcos, nasceu onde?
- Aqui em Goiânia mesmo.
- Hum, eu nasci no interior, Catalão, mudei para Anápolis ainda criança.
- Entendi, vira na próxima a direita, é mais rap... – Eu ia terminando de falar vejo pessoas correndo na rua.
Era uma rua meio a um bairro, relativamente calmo, ao colocar a cabeça para fora do carro, vimos a fumaça saindo de uma casa de esquina;
- Avisa a central.
Foi algo tão atípico que Matheus parou o carro no meio do cruzamento, descemos, e tinha vizinhos correndo com baldes, mangueiras, tentando ajudar;
- Afastem, mantenham distância. – Vou aproximando e gritando.
- “Incêndio em residência no bairro Bela Vista, solicitando apoio do corpo de bombeiros da região, e...”
Algumas pessoas saindo das casas, a fumaça alta, o muro com grades e duas mulheres chorando na calçada em frente, e meu papel era afastar as pessoas até chegar alguém, quando Matheus gritou;
- Tem criança na casa.
Ele fala correndo para meu lado, sem pensar, entramos, passei o portão.
Olhando a porta e depois as janelas, gritando;
- Tem alguém ai! Tem alguém aí dentro.
- Não dá para entrar Marcos.
O fogo estava por todos os lados, e então eu vejo um tanque daqueles de roupas na minha esquerda, vou correndo subo nele indo para cima do muro e depois telhado.
Com cuidado e rapidamente tirando telhas, procurando algo gritando, o Matheus vem em seguida, fazendo o mesmo;
- Achei, CALMA, VAMOS tirar você. – Ele abaixa gritando.
Quando Matheus retirou as telhas para olha, o fogo ganhou oxigênio, então o perigo meio que triplica.
Quando olhei, um garoto estava no canto atrás de um armário e o fogo já havia consumido a porta e estava próximo a cama do lado.
- Chegaram. – Matheus fala.
O carro do corpo de bombeiros e algumas motos de apoio;
- Não dá tempo.
Tiramos mais telhas e entrei, apoiando pisei nesse tal armário, que quebrou e entrei com tudo, meu Deus, foi um tombo engraçado e perigoso.
- Vem aqui. – Pego o garoto.
Tirei minha boina e dei para ele respirar, no caso se proteger;
- Foi te dar um impulso e você segura na mão dele ok.
- Sim.
De uma vez, joguei o garoto para cima, um bombeiro aparece olhando e segurando ele.
Eu passei por uma cena desesperadora, que foi ver o colchão pegar fogo, foi rápido e hipnotizante, sei que soa estranho, mas poderia ter morrido ali.
- MARCOS. – Matheus grita.
E então a surpresa, eu pulei, pegando na mão dele e os dois entram para dentro da casa, levando metade do telhado, dessas vez doeu, e muito. Machuquei meu ombro, sentia muita dor. Mas ajudei o Matheus se levantar;
- Está bem?
- Sim.
Olhei procurando algo para sair, e aparecem mais bombeiros;
- Sobem heróis. – Grita um deles com uma escada.
Se não fosse Artur eu beijava na boca daquele cara.
Hoje conto isso sorrindo e fazendo piada. Mas corri risco de vida, e coloquei de pessoas também.
Ao sair, eles colocaram a gente no oxigênio, e falei com o garoto que estava lá junto;
- Tudo bem?
- Sim, obrigado.
Aqueles minutos foram ótimos, pois todos chamando a gente de heróis, e elogiando, obvio que chegaram mais viaturas, e tivemos um reconhecimento legal da população, só não foi tão bom quando o paramédico chegou;
- Não podemos tratar aqui, terão que ser levados ao hospital.
- Qual deles?
- O Santa Helena está mais perto, Vamos.
Meu Deus!