- @rgpatrickoficial
INFAME - Capitulo 4
Minha mãe sempre me deixava perto do colégio, como ela trabalhava de enfermeira, e entrava no mesmo horário que eu, nesta semana, pela manhã, quando desci da moto e entreguei o capacete, do outro lado da rua vi o Henry.
De toda forma iria atravessar, depois da passagem de uns carros me aproximo;
- Oi, Bom dia! – Diz ele com um sorriso.
- Bom dia... Não sabia que morava por aqui! – Digo puxando assunto.
Vamos seguindo e conversando, ele estava muito lindo nesse dia, de moletom com o capuz protegendo o penteado da fina chuva, e calça jeans bem colada;
- Moro aqui, no Monte Verde! Algumas quadras acima.
- Nossa muito perto. Vem de carro para se amostrar?
Ele me olhou, pela sinceridade na minha pergunta e responde com um sorriso;
- Não, porque levo meu irmão no colégio primeiro. E você? Seu namorado não importa de ver falando comigo?
- Não somos namorado, somente ficamos. E se eu ficar com você não ficaria mais com o Iago.
Eu respondo errado, pois ele interpretou a resposta, como uma cantada;
- Então tenho chance?
- Comigo? Não.
- Porque?
- Sou amiga da Larissa e ela me contou sobre vocês.
- Ela então falou o quanto é grande? – Sim, ele é mais vulgar que parece.
- Ela falou que vocês ficaram, enquanto ela namorava o Raul...
- Ei, ela quis ficar comigo, foi iniciativa dela.
- Sim, eu sei....
- Não sou amigo do Raul.
- Começando assim, nunca vai ser.
- Você é como seu namorado, me odeia.
- Henry, todos naquela escola te odeiam, mas estamos entendendo que o culpado não é você e sim seu pai. Porem pelo jeito você é igual a ele.
- Gata! – Fala o Iago me abraçando.
Henry ficou muito bravo com meu comentário, não disse nada para mim, mas olhou para o Iago e fala;
- Vocês dois se merecem. – Ele diz entrando.
- Que foi com a moça? – Pergunta Iago.
- Ouviu o que ninguém quis dizer. – Respondo puxando ele para entrar.
Quando chegamos na sala, a professora não estava, todo mundo já sentados, mas estava faltando o Henry. Eu me sentei e coloquei minha mochila, quando a Tia Sonia entra fechando a porta;
- Turma, me escuta, é sério o que tenho a dizer. A diretora está conversando com o Henry e quero fazer o mesmo com vocês. Pessoal o pai do Henry foi condenado a 8 anos de prisão, mas ainda não foi cumprido o mandado, ele entrou com ações, eu não entendo muito bem, estou dizendo, pois quando o amigo de vocês Iago precisou, nos estendemos as mãos, não quero que sejam diferentes com ele.
- Mas tia foi totalmente diferente, a mãe do Iago não cometeu nenhum crime. – Comenta o Raul.
- E por isso você julgou seu amigo Raul? Cabe a você julgar ele? Gente estou pedindo de coração, ele é amigo de vocês, precisam de vocês, posso contar com vocês meninos? – Pergunta ele.
- Sim, professora!
- Fico feliz, muito feliz mesmo! Agora o time pode ir para a quadra.
Galera não tinha como negar nada para Sonia, ela trabalha a vida inteira no Santa Catarina, para terem uma ideia, eu estudei oito anos aqui, e sete foram com ela. O Henry voltou, sem saber da conversa, e o Gael curioso como sempre questiona ele, o que estava fazendo, o garoto disse que só falou com a diretora, sobre o pai mesmo, possivelmente o mesmo assunto.
Nesse dia, tivemos poucas aulas, somente três, e depois mandaram a gente para a quadra, o time teria um jogo “em casa”.
Eu me sentei na pequena arquibancada e fiquei no meu iPhone, quando ouço o apito do início do jogo.
Os treinos são fechados, como profissionais, eles aqui no Santa Catarina levam muito a sério esses pequenos torneios.
Eu estava tão vidrado no jogo, que nem percebi que a Milena se sentou do meu lado;
- Posso ficar aqui? – Pergunta ela.
- Sim.
Ela senta com a Larissa, e outra garota da sala;
- Eu queria me desculpar de hoje. – Ela fala com a mão no meu braço.
Juro, que pensei em dar uma má resposta, então eu falei;
- Não sou como ele, você não o conhece, não pode julgar.
- Eu sei, por isso estou pedindo desculpas.
- Relaxa, ta tranquilo.
- Colegas? – Ela pergunta me abraçando.
Parecia meio forçado, mas aceitei por cordialidade.
- Larissa, o que ocorreu pode ficar só aqui? – Pergunto abaixando e olhando para ela.
- Iria te pedir a mesma coisa.
- Valeu tá. – Falo segurando a mão dela.
Poxa voltando ao jogo que merda, eu com o uniforme do Santa Catarina estava me sentindo mal, pelo time, foram poucos minutos e o adversário tinha marcado dois gols.
Se eles não mudassem o meio de campo não iria ganhar de jeito nenhum. Era como se tivesse um buraco, um desfalque imenso, que a bola não chegava até o Iago, ele tinha que buscar ela no meio de campo, mas sozinho não chegava até o gol.
Que raiva, eu estava exausto, do jogo quase jogando metade do campo sozinho. Foi quando o juiz apitou, eu corri para tomar agua, mas quase morro engasgado, quando vejo o Henry, tirar a calça e colocar o short aqui mesmo na frente de todo mundo, as meninas gritando, ele coloca o uniforme e entra.
Vai em direção ao Gael já gritando;
- Estou aqui para te ajudar, eu e você, beleza mano? – Fala ele pegando na mão do Gael.
Eu odeio, odeio esse dia, pois parabenizo o cara, ele entrou e foi de primeira a bola livre para mim, fiz o gol, comemorando com ele e o Gael, a jogada foi nossa.
No intervalo, o professor estava soando mais que a gente, na roda ele diz;
- Galera, eles estão assustados com o Henry, aproveitem, começam esse segundo tempo, com força máxima, se der faz mais um gol, se não comecem assustando, o gol é consequência, beleza?
Concordamos, e ele se aproxima, segurando em meu ombro e de Henry;
- O Iago é bom nas bolas altas, se você conseguir passar qualquer... Gael chega ai. – Chama o professor. – Bolas altas Gael, o Iago consegue marcar naquele goleiro tranquilo. Vão lá galera... VAMOS PARA CIMA PORRAA!
O outro time fez alterações na defesa, e fizemos o que o professor pediu, assustamos tanto de início que marquei mais um gol.
Agora estava empatado, e mais um gol era o que todo mundo queria, mas em um lance alguém chuta a bola em mim, foi sem querer, eu que não desviei, a bola bateu com muita força na minha cara. Nariz saiu sangue e foi uma loucura, mas continuei jogando.
Se eu pedisse para sair o Henry não marcaria seu gol, foi um toque de bola baixo, ele só finalizou com perfeição. Três a dois, que virada, que jogo.
Com o apito final, todos comemorando, foi uma bagunça, e uma alegria, era o quinto jogo sem ganhar, caramba respiramos mais tranquilos neste dia. Mas claro o Henry tinha que fazer a cena dele;
- Mano com você no time, não tem para ninguém, vamos ganhar todas. – Comenta o Raul todo feliz.
- Eu não falei que entrei no time. – Responde o Henry.
- Mas você entrou e deu uma força cara.
- Porque vocês estavam passando vergonha demais né mano.
Raul sai, bravo;
- Ei! Mano esquece, ganhamos, é o que importa, deixa esse cara, para lá. – Falo abraçando o Raul, tentando reanima-lo.