- @rgpatrickoficial
INFAME - Capitulo 23
A tarde desta quarta-feira a caminho de casa, pensando no quanto minha vida acabou mudando depois que conheci o Henry, claro que tivemos nossas desavenças, mas eu sentia que agora sim, as coisas iriam se amenizar entre a gente.
Com meu tio viajando, eu estava sozinho em casa e a Milena estava dormindo todas as noites comigo, para não ficar “sozinho”, essa era a desculpa para transarmos todas as noites.
Eu tomei um banho e estava tirando minha moto de casa para ir buscar ela, isso por volta de sete e quinze da noite, foi este o horário que relato a vocês de ver meu pai descendo de um carro em frente minha casa.
Eu estava na moto, iria colocando o capacete, e fiquei imóvel, sem entender, sua atitude.
- Finalmente te encontrei em casa. – Fala ele vindo em minha direção e me abraçando.
Eu passei meu braço pelo seu corpo, mas minhas pernas tremiam, a respiração ficou ofegante;
- Veio atrás de mim antes?
- Sim, durante as últimas semanas, seu tio não quer que eu me aproxime. – Diz ele ainda perto.
- É ele fala mesmo, depois do acontecido.
- Como você está?
- Bem, com saudades.
- Desculpa sumir estes meses meu filho, mas tive que ficar fora, agora estou novamente a cidade. Ainda jogando no time do colégio? – Pergunta ele com leves tapas em minhas costas.
- Sim, temos um jogo no sábado, que acha de ir assistir, será no estádio da cidade.
- Acho que dá para eu ir sim.
- Será ás dez da manhã.
- Eu vou.
Meu celular chama, era a Milena, eu pedi para ele que iria atender, e confirmei estar saindo de casa;
- Vai lá, não quero ocupar seu tempo.
- Bom te ver.
- Bom te ver também meu filho, olha esse encontro fica só entre nós, tudo bem?
- Certo.
Ele entrou no carro, e eu tentei sair com a moto, estava tão desnorteado que deixei a moto apagar por três vezes.
Dois dias antes do nosso jogo decisivo, quinta-feira eu e o Henry estávamos no Shopping.
Assistimos um filme e aproveitando a previa de “black Friday”, também olhamos uns calçados.
Como estava tarde, entramos em uma loja, que havia duas moças, uma no caixa e a outra atendente.
Ele olhou umas botas, e eu fiquei conversando com a garota do caixa, ele então pede uma numeração e a garota sai. Ele se senta e logo ela retorna.
Henry calça e levanta, dá uma volta;
- Qual valor desta? – Pergunta se sentando novamente.
- Quinhentos e cinquenta.
- Nossa e a história de promoção cinquenta por cento de desconto? – Ele pergunta tirando a bota.
- São estas da vitrine, a que você experimentou é a nova linha que chegou. – Ela diz mostrando os outros modelos.
- Ele é meio burro mesmo moça, ignora ele não sabe ler. – Falo zoando com ele.
- Cala a boca Gael, fica na sua. – Diz ele rindo.
- Rsrsrs, vocês são irmãos? – A vendedora pergunta, guardando a bota.
- Não, Deus me livre, ta difícil suportar ele. – Respondo.
- Nos conhecemos faz poucos meses e já estamos assim, imagina. – Henry diz a ela.
- Ah entendi. – A garota fala com uma cara de paisagem.
Eu entendi, e pensei que ele estava zoando, mas então se despede;
- Olha obrigado pela paciência, mas vou continuar dando umas olhadas tudo bem. – Fala Henry saindo.
Eu sigo ele e fico olhando, na escada rolante ele desconfia;
- Ta olhando porquê?
- Viu o que disse na loja? Ela pensou que fossemos namorados, “Conhecemos a pouco tempo e já estamos assim”.
- Porra é mesmo mano, volta lá, vamos la, tenho que desmentir.
- Há vai sozinho, você quem fez a merda. – Falo saindo da escada.
- Ah deixa ela pensar que somos namorados, tem algum problema?
- Não, tem para você?
- Não, eu estaria bem namorando você, bonito assim, umas dez garotas já perguntaram no meu Instagram seu contato, depois que postamos Stories juntos, rsrs.
- Vai sonhando então Henry, você e elas.
- Vamos embora?
- Sim.
Ele olha no meu celular a conversa com meu “amigo colorido”, mas eu desvio rápido, nem tenho certeza se Henry viu o nome;
- Ah’ então seu o nome do seu Crush começa com M coraçãozinho?
- Seu curioso, que estava olhando aqui?
- Não sei porque esse mistério todo.
- Você conhece ele Henry, por isso.
- Estuda com a gente?
- Não.
- Vou falar no Santa Catarina que estamos ficando quase namorando, ai esse cara vai aparecer.
- Está louco Henry.
- Quer dizer que não namoraria comigo Gael?
- Não.
- Barulho seu, namoraria sim, só eu dar em cima.
- Convencido.
- Aqui, paga aí que vou pegar o carro, beleza. – Henry me entrega o cartão do estacionamento.
- Vai lá.
Como deixamos o carro longe, ele foi na frente, e eu pegaria a fila para pagar a taxa. E fiquei teclando com os meninos no whatsapp e meu crush.
Foram no relógio dezoito minutos para eu chegar ao caixa, e quando passei o cartão vejo a segurança do Shopping passar em dois carros, muito rápidos. Peguei meu comprovante e cheguei na via olhar se conseguia ver algo ou Henry vindo, logo vem uma ambulância do SAMU.
Não sei explicar a sensação do péssimo sentimento que eu tive, mas foi uma das piores possíveis.
Eu corri, muito até onde eles estavam, e chegando perto a polícia se aproxima.
Galera estavam colocando o Henry dentro da ambulância, o rosto dele estava coberto pela metade com uma atadura, e muito sangue em sua boca e mãos, eu fiquei em choque, fecharam as portas e saíram muito rápidos;
“- Precisamos de uma escolta na SC-401. – Fala o motorista da ambulância.
- Iremos te acompanhar. – Responde o policial. ”
Eles nem saíram e chega mais um carro de oficiais, conversando com os seguranças;
- Pelo amor de Deus o que aconteceu com ele? – Falo me aproximando.
Eu tremia tanto;
- Fica aqui filho, conhece ele? – Diz o policial me encostando no carro do Henry.
- Sim, é meu amigo.
- Você tem o contato do pai dele?
- Sim, espera.... – Falo tentando desbloquear meu celular.
- Vou falar com ele, você está bem?
- Estou o que aconteceu?
- Ele foi agredido, aparentemente por uma gangue, não sabemos ainda.
- Haviam uns três a quatro caras correndo por aquela saída, foi o que conseguimos ver. – Fala o segurança do Shopping.
- Estamos fazendo buscas na região. Mas escute, nada foi roubado, descarte essa possibilidade. – Outra policial fala.
- Quer dizer que foi alguém que o conhecia?
- Provavelmente, ele possuía inimigos? Dividas de entorpecentes, ou...
- Não, ta louco o Henry só é viciado em futebol, mas não que eu saiba de inimigos.
- Iremos encontrar eles Senhor Elias, assim que o garoto acordar retornaremos e conhecemos seu depoimento.
- Obrigado.
Ele estava acompanhando no radio a escolta com o Henry.
Depois de pegarem meus dados, fui com eles para o hospital, isso foi mais ou menos uns vinte minutos após Henry ter saído do local.
O pai dele estava com o irmão no hospital junto a sua baba a Geralda, todos com medo e sem notícias. Quando me aproximei contei o que havia presenciado ao seu pai.
A polícia conversou com eles e se puseram à disposição, assim como o pessoal do Shopping.
Foram quase cinquenta minutos esperando, até o médico vir, e procurar o pai de Henry;
- O senhor é o pai do garoto que...
- Sim, sim, o Henry.
- Fizemos uma bateria de exames, ele deslocou o braço, fraturou uma das costelas e várias luxações por todo o corpo e rosto. Ele foi medicado e ficará em observação até acordar.
- Posso ver ele?
- Sim, os familiares podem entrar.
Eu mesmo tentando não iria conseguir entrar e ver o Henry, conversei com o Elias seu pai, para me avisar assim que houver notícias.
Galera eu nunca me recuperei do susto daquela noite, ver aquele tanto de polícia e o socorro chegando, se a lembrança que eu tinha a poucos minutos era ele rindo, e feliz, brincalhão como sempre.
Era complicado entender, complicado só de pensar em quem poderia ter feito isso, e porque fez. Seu irmão estava muito assustado, o pequeno estava sofrendo muito, e ainda tinha o jogo em menos de um dia.
Pessoal no Santa Catarina na manhã seguinte todos já estava sabendo, passei a noite acordado, foi espalhado em grupos da cidade o ocorrido, e todos estavam assim como nós, sem saber nada.
Logo que entrei no colégio a Milena me vê entrando no corredor corre e me abraça;
- Oi amigo, como você está? – Fala ela me apertando.
- Assustado, preocupado, estávamos juntos sabe Milena.
- Vai dar certo, ele vai ficar bem e vai ainda passar muita raiva na gente, rsrs, fica bem, não gosto de ver você assim.
- Obrigado. – Falo me afastando dela.
O Iago se aproxima, toca em minha mão;
- Mano! – Ele fala me abraçando.
O Raul passa o braço pelo meu pescoço entrando na sala abraçado, dizendo;
- Vai dar certo.