- @rgpatrickoficial
Atração Perigosa - Capítulo 2 - "Estou namorando"
SAMUEL SAMPAIO
- Senhor eles agirão novamente, roubo a cofre, deixaram dinheiros e 55 mil em joias, queriam o "Mrs. Winston" com certeza possuem um comprador interessado. – Caetano meu assistente diz no corredor até minha sala.
- Imagens? – Pergunto.
- Todo o sistema de câmeras, desde o condomínio, até as vias onde o carro foi deixado, nada! Tudo apagado. Todo o sistema foi hakeado.
- Testemunhas?
- Nada senhor.
- É acho que vamos ouvir essa semana. – Viro a maçaneta de minha sala.
Liguei meu computador, e vendo pelo vidro da sala, uma das televisões, mostrando o assalto. Quando meu celular começa a vibrar toda a mesa, era meu filho;
- Oi Jonathan, estou no trabalho meu filho, sabe que não posso... - Digo olhando ao redor.
- Disse que precisava conversar com o senhor ontem e não apareceu. - Ele fala mais ansioso que eu.
- Foi mal meu filho, é que fiquei até tarde no trabalho. - Respondo colocando a mão na testa.
- De novo pai, é coisa séria... precisamos conversar. - Reclama Jonathan.
- Iremos conversar, logo meu filho, agora tenho que desligar. - Foi desligar e ele ja estava vibrando novamente.
Era Luiza, a sua mãe;
- Que foi Luiza? - Meu dia já não tinha começado da melhor forma.
- Pelo amor de Deus, Jonathan está chorando de novo Samuel, dá para fazer o papel de pai pelo menos uma vez na vida. Olha é sério, preciso que fale com ele. - Ela grita no telefone.
- Ok Luiza. - Esboço sem argumentos.
- Samuel na minha sala, agora! – Gian meu chefe aparece na porta, ele fala com a voz muito grave.
Eu sabia que iria ouvir para caralho. Ele é gordo. Grande e barbudo, pouco cabelo. Cara fechada. Apareço na sala, com pistas do assalto, pastas e fotografias;
- Que apelido é esse que está rodando por aí agora? "Colírio do quartel"? É isso? – Ele me quebra, pois eu fui esperando gritos e ele vem perguntando algo todo fora de nexo.
Coloco a mão no rosto, pois fiquei sem graça e respondo;
- É o Breno me zoando. - Gesticulo com uma das mãos e a outra na cintura. - Nada demais, senhor.
- Olha é o seguinte, não preciso dizer que aconteceu!
- Não.
- Então, ele era do filho do governador, iria dar para a senhora sua mulher e foi roubado por esses bandidos de quinta. - Ele batia com as pontas dos dedos na mesa.
- De quinta, mas não deixaram nenhuma pista não é mesmo. - Me sento em sua frente.
- Que seja. - Gian me mostra a palma da mão. - Eles sempre deixam pista, não há crime perfeito. Então, estou passando o caso para você. - Ele puxa a ficha e assina algo. - Tem várias coisas para estudar, todos os subcasos estão aqui. - Ele joga a pilha de pastas.
- Não Gian, já estou cheio com o caso do estuprador. - Mudo o tom de voz com ele segurando nos apoios da cadeira. - E tem aquele das crianças desaparecidas, o Breno está...
Ele levanta a mão me interrompendo;
- Você irá cuidar disso Samuel. - Gian aponta para mim. - Breno está cheio com o caso do advogado Francis.
- Gian. - Eu literalmente suplico a ele, quase fazendo um bico.
- Ele respira bem fundo, e diz;
- Ta falando sério? - Mudo totalmente a feição do meu rosto.
- Seríssimo, o governador está na minha cola. - Gian afasta a cadeira, se levantando.
- Cinquenta dias? Sem ser perturbado? - Ele me dá as costa, indo a sua maquina de café.
- Cinquenta, nenhuma ligação, nada. - Gian responde de costas.
- Beleza. O caso é meu. - Pego todos aqueles papeis de sua mesa.
Me dediquei o dia naqueles papeis, imagens, fotos, casos. E Nada!
Nada!
Havia uma coisa que ligava, uma pista somente. Esses bandidos, agiam como Justiceiros, roubando de políticos e pessoas ligadas a eles. Mas não davam aos pobres, ficavam com o dinheiro.
O que me deixou intrigado, foi todas as cenas de crimes, de seus roubos, nada, um fio de cabelo, nada, a pericia não encontrava nada.
Sem almoço, somente a base de cafés, até a tarde, Breno aparece na porta da minha sala, batendo na porta;
- Pegou o caso do Assalto? - Ele para com suas coisas para ir embora.
- Sim.
- Boa sorte mano.
- Valeu.
Recebo uma mensagem que me tira a atenção, era a Luiza, dizendo para eu não esquecer de Jonathan.
Seis e vinte da tarde, eu sem almoço, enviei uma mensagem, chamando ele para ir a um FastFood. Marquei próximo a sua casa era mais fácil para nós.
Quando cheguei, ele estava atrasado, e a garçonete vem perguntando se eu iria fazer o pedido ou esperar, mas a fome falou mais alto.
Jonathan tem 15 anos, mora com a mãe, nos separamos a pouco tempo, ele ainda sente minha falta, mas preferiu ficar com a mãe que me acusa de trabalhar demais, e dedicar mais tempo ao trabalho do que em casa, aquela conversa de sempre.
Ele chegou eu havia terminado o sanduiche estava comendo as batatas;
- É verdade o que a mamãe diz. – Fala ele colocando a mochila e sentando.
- Que foi menino? - Já olho diferente para ele.
- Que o senhor só come besteira. – Jonathan beija minha testa.
- Não me julga, não almocei hoje, Gian me colocou naquele caso dos ladrões de mansões. Passei um dia daqueles... Então Filho diga, o que queria conversar? - Eu limpo minhas mãos.
Sou policial, sou investigador criminal e sei identificar nervosismos nas pessoas, e quando uma dessas pessoas é meu próprio filho, isso muda e muito. Ele se ajeita ficando desconfortável, estrala o pescoço e sua mão está tremula, fixei o olhar em Jonathan que demora a falar;
- Meu filho está me assustando. Jonathan está nervoso demais, o que foi? - Limpo minha boca.
- Pai, não fica me interrogando. É difícil. - Ele bate na mesa.
- Quer sair? – Já falo procurando a garçonete, para pedir a conta.
- Não, tudo bem. - Ele muda o tom de voz.
Suor começa a minar em sua testa;
- Jonathan fala logo, está me assustando meu filho, o que foi? – Voz mais grave, e repreendendo ele.
- É... p-ai-ai... eu to namorando. – Ele gagueja e cospe as palavras.
- O que tem demais nisso garoto. - Abro as mãos em sua direção. - Quase me matou do coração Jonathan. - Bebo um gole do refrigerante.
- Namorando um cara, pai!
Deveria ter parado de escrever aqui não é mesmo? Já daria um ótimo relato.
O garoto me joga uma dessa na cara e fica esperando uma reação minha. O refrigerante que eu bebi saiu pelo nariz, minha cabeça ardeu, eu fiz uma bagunça na mesa. Pessoas das outras mesas chegaram a olhar.
- Olha o que está fazendo pai. – Jonathan joga guardanapos para eu me limpar.
- Calma eu estou bem. - Coloco aquele monte de papel na cara. - De onde tirou isso menino? Está maluco? – Eu vou limpando tudo que tinha pela frente.
- Não "tirei" pai. - Ele faz aspas com as mãos. - Essas coisas a gente não escolhe, acontece, quando vi já estava gostando dele e...
- Para. Para.- Levanto a mão interrompendo ele. - Jonathan, meu filho! (...) - A frase volta na cabeça, eu exclamo. - Gay, você gay! - Abaixo a cabeça batendo na mesa. - Meu Deus, ele também! – Falo baixo, com a mão na nuca.
- Como assim eu também? - Ele me escuta.
- Cala a boca, ainda não terminei de brigar com você. - Aponto o dedo para ele.
- Mas pai. - Jonathan repreende.
- Eu não sei o que dizer, ou o que falar, me pegou de surpresa... Mas também não há como se preparar para isso. - Eu penso alto. - Mas espera, quem é esse cara que está colocando as mãos em você? É mais velho? Jonathan, quantos anos ele tem? - Falo alto com ele.
- Minha idade pai, e o senhor está sendo inconveniente.
- Eu quero conhecer ele. - Levo a mão na boca. - E pode falar que sou policial, e eu tenho arma em casa. - Com olhos fixados em Jonathan, tento transmitir minha raiva para ele. - É para falar da arma, não esquece. - Aponto o dedo em sua direção. - Ai meu Deus, logo você.
Sim eu estava perdido, não sabia o que fazer, eu estava soando agora, e tremendo;
- Pai o senhor está bem?
- Acho que minha pressão está caindo. - Me encosto no grande sofá.